Ciência Prática
Coesão Social, Lesões e a Roda dos Ratos
Publicados
2 anos atrásem
Você já parou para pensar em como nossa vida é literalmente corrida? A começar pela corrida nossa de cada dia… Sim, em geral seguimos um curso até nos tornarmos corredores e este caminho passa por um fenômeno social que nos leva a determinados comportamentos, muitas vezes inconscientes, que é a chamada coesão social, teoria de Émile Durkheim.
Emilie Durkheim é foi um Sociólogo, Filosofo e Antropólogo Judeu, considerado o Pai da Sociologia, segundo ele quanto menor for à divisão do trabalho nas sociedades maior será o vínculo dos indivíduos com o grupo social, coesão pode ser definida como o grau de consenso dos membros de um grupo sobre a percepção de pertencer a um projeto ou situação comum.
Tu já paraste para pensar como chegou até a corrida? Provavelmente alguém do seu círculo de amigos, em determinado momento, o convidou a participar de alguma prova, seja como diversão ou com o intuito de perder peso (conceito totalmente errôneo que pensamos sobre este exercício) e lá se foi você sempre pensando em melhorar performance a cada passo.
No geral corremos no início de qualquer jeito, somente com a orientação dos amigos, que nos leva a superarmos todos os dias nossos limites, levando a volumes cada vez maiores de prova, chegando nos 5kms, depois 10km, após 21kms e seguindo em 42kms acima, até entramos em over training, fratura por estresse e temos que parar o que amamos fazer por um tempo.
Entramos na chamada “roda do rato” em um caminho inverso ao que poderíamos fazer de manheira mais segura, da lesão para o ortopedista, do ortopedista para o Fisioterapeuta, do Fisioterapeuta para um Profissional de Educação Física especializado em corrida de rua, e por fim a indicação para trabalho de treinos de força, todo este caminha poderia ser encurtado.
Provavelmente você está na faixa etária entre 25 e 55 anos, casado ou casada, uma vida estável financeiramente e procurando saúde e performance, pode ou não ter filhos, ser homem ou mulher, mas no geral quer mesmo é ótimos bons tempos na corrida de rua, esporte que ama e provavelmente investe, principalmente após o processo da “roda dos ratos.”
O retorno as corridas após esta fazem sempre varia entre falta de ritmo e a indagação do porquê não consigo a mesma performance de antes, a resposta está na fisiologia, onde o condicionamento neuromuscular tem queda mais acentuada que o cardiorrespiratório, por isso a sensação de ter pulmão, e falta de pernas.
Primeiramente você terá que reorganizar todo seu tempo, encaixar o treino de força, ele te dará toda proteção neuromuscular para cumprir as cargas de treino aeróbio, ou seja, para ir mais longe na sua corrida você terá que ser cada vez mais forte. Dos 8 aos 80 tenha consciência, você será levado pela multidão, para correr mais terá que ser inteligente.
Por: Eduardo Barbosa
Treinador e corredor @edurun
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Constantemente, como treinador, preciso trazer, a luz da razão, o que é ser um atleta de alto rendimento e o que é querer ser um. Invariavelmente escuto que não acredito na capacidade das pessoas que me procuram com vários objetivos imediatos da corrida de rua, seja um sub 2hs na maratona ou metas menos ambiciosas que exigem do atleta recreacional postura e posicionamento atleta de elite.
Você já deve ter ouvido que o esporte é que escolhe o atleta e não o contrário, sim, não basta você querer correr uma Maratona abaixo de 2hs se o esporte corrida de rua não te escolheu para isto, questões fisiológicas, psicológicas e ambientais são componentes importantes que podem te levar a correr uma maratona abaixo de 2hs, 3hs, 3hs30”, 4hs ou qualquer tempo que seja.
Na Modelo Bioecológicos, as características biopsicossociais do individuo e suas interações ao longo do tempo são observados como premissas primárias que produzem o desenvolvimento humano, este modelo é dividido em quatro aspectos multidirecionais interrelacionados pessoa, processo, contexto, tempo. Como pessoa devemos observar um fenômeno de constância e mudanças na vida do ser humano.
Ainda quando criança questões ambientais nos preparam e nos colocam em condições de praticar o esporte de alto rendimento, nisto o Profissional de Educação Física Escolar ou Professores que trabalham em desenvolvimento esportivo nas infâncias, observando a manifestação da atividade muscular, o domínio natural de uma alta técnica de execução dos movimentos ou gestos esportivos. Dentro deste contexto todo o desenvolvimento desta jovem é levado, por etapas, até as competições adultas.
Há variados componentes que tornam quenianos e etíopes excelentes Maratonistas, o ambiente e as condições de desenvolvimento nos seus territórios já os colocam em enorme vantagem, comparados a nossa percepção de desenvolvimento no atletismo, diversos clubes esportivos desenvolvem os talentos de ambos os países desde a infância dos seus praticantes, muito diferente das nossas condições onde grandes talentos são revelados e lapidados muito tarde.
Existe dentro deste processo de desenvolvimento humano uma alta complexidade do que é ser atleta de alto rendimento. A construção do “ser” atleta navega por uma mentalidade vencedora, experiência, resiliência, dedicação acima da média, persistência, esforço e tempo, muito tempo… o que muitas vezes não é acompanhada pela família como apoio. As relações interpessoais e familiares são a primeira barreira a ser transporta pelo atleta de alto rendimento, seja no apoio a seu desenvolvimento, ou seja, no seu crescimento pessoal, independente do crescimento familiar.
Se tivéssemos que traçar um paralelo com o modelo de recreação que a corrida de rua se tornou, quantos de nós, já estabelecidos em nossas profissões olharia para trás e abriria mão do nosso conforto familiar, para enfrentar sozinho as pressões que o esporte impõe? Persistir mesmo sem a certeza de que será o Campeão e manter o patrocínio, ou premiação que garantem nossa sobrevivência? Ainda, quantos de nós suportaria diversos “nãos” ou lesões, por falta de preparação física adequada, que nos deixasse distantes de nosso objetivo, que não o lugar mais alto no podium.
Não há nenhum problema em querer ser melhor a cada dia, o que nos move como amadores, ou atletas recreacionais e esta vontade enorme de nos superar a cada prova, mas terminada um ciclo, que pode ter sido ruim, não precisamos nos preocupar se tivermos que abandonar a maratona pela metade, agora, se este abandono significasse se manter e manter todo seu estafe, sua própria sobrevivência e de sua família, o quão você estaria disposto a persistir neste ambiente, onde somente o número um do podium será o vencedor? Cabe a você leitor esta reflexão! Bons treinos.
Por: Eduardo Barbosa – Treinador, maratonista e pesquisador
As redes sociais deveriam ser só um meio para que pudéssemos conhecer as pessoas na vida real, minha sincera opinião. Lembro uns 12 ano atrás de um grupo de corredores que se comunicavam pelo Twitter, e neste tempo o aplicativo só permitia publicar fotos na identificação do perfil.
Os TwittersRun foi um grupo que chegou a ter, informalmente, mais de 3000 membros espalhados por todo o Brasil, nossa felicidade era nos encontramos e alguma grande Prova, Maratonas como as do Rio, SP, POA eram motivos para um grande jantar de massas e confraternização.
Realizamos muitos treinos, chegamos a ter Tenda de apoio que eram despachadas pelas Assessorias Esportivas parceiras, este outro diferencial, cada membro tinha seu treino, sua assessoria, nossa “vaidade” era correr bem, nos divertimos e acolher quem quer que seja a nosso grupo.
Estou contando toda esta história por que hoje os tempos são outros, temos outras redes sociais e prioridades, estamos na era no Facebook e Instagram, acelerados pelas imagens e um pouco de imediatismos, a impressão que tenho é que estamos somente olhando o tempo passar.
Outro dia recebi um pedido de ajuda pelo meu direct, era um corredor de Santa Catarina pedido ajuda e apoio para sua corrida, por instinto perguntei de qual Cidade ele era, e a resposta foi Itapema, na Costa Verde & Mar do litoral Catarinense e cidade que tenho laços familiares.
Conversamos rapidamente e pude conhecer o Vitor, rapaz jovem de 24 anos, natural de Tapejara/Paraná e atleta da Associação Comunidade de Atletismo de Itajaí/SC, corredor dos bons, forjado no trabalho como gari, nas Ruas de Itapema, nas suas intermináveis corridas na coleta seletiva.
Coincidentemente eu estaria, uns finais de semana após nossa conversa, na Cidade combinei de conhecê-lo, trocar algumas informações e tentar ajudar de alguma forma, esta ajuda não significa necessariamente dinheiro, ela pode ser feita em forma de material esportivo ou apoio técnico.
Foi um encontro muito bacana, descobri que seu sonho era correr uma São Silvestre e comecei a intermediar alguns apoios, junto a Secretaria de Esporte da Cidade onde o Vitor trabalha outros que pudessem tornar este sonho possível, assim como sua continuidade no próprio esporte.
A inclusão de outros atletas no esporte, inclusive na corrida de Rua é menos custoso do que podemos pensar, um pouco de cada um pode ajudar muito outras pessoas, o acolhimento muitas vezes está em palavras de incentivo ou mesmo na influencia que podemos exercer através do nosso trabalho.
Inclusive, Na Corrida de Rua…
Por: Eduardo Barbosa – Treinador, Maratonista e Pesquisador
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