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Seven Runners Crews

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No segundo semestre de 2014, a Nike trouxe para o Brasil o projeto “Nike Running
Club” ou NRC. A iniciativa que já existia em outros lugares do mundo, reunia
corredores para treinos semanais, orientados por treinadores profissionais e uma
grande infra estrutura. Em São Paulo. gerenciado pela agência Milk, que tinha
expertise nesse universo, a iniciativa foi um sucesso absoluto logo nos primeiros
eventos.

Aos poucos, corredores de diversas partes da cidade foram tomando conhecimento
desses encontros. A notícia se espalhou e as inscrições para participação se
esgotavam em questão de segundos. Pessoas paravam o que estavam fazendo no
dia esperando o horário em que o site atualizaria. Mesmo com essa dinâmica, havia
um grupo de pessoas que invariavelmente comparecia.

Isso funcionou em um período de aproximadamente 2 anos. Após os Jogos
Olímpicos de 2016, a marca mudou a estratégia, e decidiu destinar os enventos do
NRC apenas para pessoas abaixo de 26 anos. Não tenho os dados na mão, mas eu
sendo um dos frequentadores, por observação, posso afirmar que mais da metade
dos frequentadores estava bem acima dessa faixa etária. Incluindo eu. Do dia para
a noite deixamos de ter onde nos encontrar para correr às terças e sábados.

Em janeiro de 2017, um grupo de 7 corredores entre os excluídos do NRC decidiram
criar um grupo para fazer o mesmo treino para seguir correndo juntos. Sem a
mesma infraestrutura mas com a mesma vontade. Alguns meses de conversa se
seguiram e, em abril daquele ano estava formada a “Seven Runners Crew”. A ideia
inicial era motivar as pessoas a saírem do sofá. Especialmente aquelas acima de 26
anos. Os corres seriam marcados em diversos pontos da cidade. Além dos 7
organizadores, também havia o “grupo de apoio”, outro nome dado aos pacers.

Tudo como era no NRC.

Foi um sucesso logo de cara. Tanto que, apenas 3 meses depois, a crew recebeu
uma e-mail do marketing da Nike. Semanas depois, a Seven Runners assinou um
contrato de parceria com a marca.

Ao longo dos útlimos cinco anos, a Seven Runners se tornou uma das referências
quando se fala de running crews em São Paulo. Ainda em 2017, partiu deles a
iniciativa do “Encontro das Crews”, iniciativa inédita que reuniu todos os grupos da
cidade por 3 anos levando centenas de corredores a correrem juntos sem nenhum
tipo de recompensa.

Outra iniciativa criada pelo grupo foi uma divisão feminina. Em 2018, após um
intercâmbio com a “Calma Clima”, running crew de Belo Horizonte, que veio para
São Paulo fazer um treino junto com o grupo e tem a ação chamada “Climanas”, um
treino exclusivo para mulheres, foi criado a “Seven Runners Girls”.

Mais de 5 anos depois a Seven Runners Crew segue mantendo os encontros todos
os sábados às 8h da manhã em algum ponto da cidade de São Paulo.
Recentemente fechou um acordo de parceria com a Brooks Running que fornece
tênis e apoio para os membros fixos do grupo.

A Seven Runners se inspirou no “Climanas” para fazer uma divisão feminina. Mas
há uma running crew 100% criada e formada por mulheres. E delas na próxima
coluna: as “Elas que Voam”.

Por: Robson Silva

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Running Crew – Damn Gang

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Foto: Robson Silva

Se tem uma running crew no Brasil que segue na essência a origem do movimento, “ipisis litteris”, essa é a Damn Gang. Felipe Paku e Luciana David correm desde 2015. Mas criaram a crew em 2016. Foi quando eles se juntaram e começaram a chamar as pessoas para correr. “O lance é que correr é um saco (sic). É chato demais. A Lu começou a correr porque tinha que fazer algum esporte aqui em São Paulo. Meu pai é maratonista. Então eu fui meio que junto com eles.” Me contou Paku logo após um dos corres da Damn em 2018.

“É difícil descrever o que a gente faz”. E ao contrário do que você possa pensar, essa fala não soa arrogante. Ao contrário, me pareceu uma dúvida real que ele mesmo parecia ter naquele momento. Ao longo da conversa fomos chegando a algumas conclusões que talvez descrevam melhor o que essa crew criada no final de 2016 faça hoje.

Não é um “corre” popular. É nicho. É underground. É com propósito. Para mim a Damn Gang é a crew que tem mais personalidade entre todas. Eles não se preocupam se vai aparecer 100 ou 2 pessoas. Os corres são marcados. Se você for, ótimo. Se não for, ótimo também. Tanto faz. Eles estarão lá e vão correr. Com a mesma vibe, com a mesma dinâmica. Eu mesmo fui em corres da Damn com muita gente e com pouca gente. E era igual. Nenhum choro pela quantidade de pessoas. Até porque, você é convidado a ir correr com eles. Esse é o espírito.

Mas ao invés de eu escrever aqui o que penso, prefiro deixar o próprio Paku de 2018 dizer o que pensa. Abro aspas para ele.

Sobre cultura de corrida de rua: “O que eu mais ouço os caras lá de fora falar é que esse tipo de corre é como se fosse uma mesa de jantar da sua casa onde você recebe os amigos. Só que, no caso dos grupos de corrida, a gente recebe as pessoas na rua. A verdade é que a gente prefere muito mais o pré e o pós corre. O durante é só a ferramenta que junta. O legal mesmo é conversar, conhecer novas pessoas, fortalecer os laços, beber, comer, celebrar.”

Sobre como a corrida de rua muda a relação das pessoas com a cidade: “Mudou muito. A gente sente que a cada esquina que a gente passa de carro, quando a gente passa correndo a pé a gente vê coisas que a gente nunca viu. A gente se sente mais parte da cidade. E a gente quer compartilhar isso com mais pessoas. E de certa forma é uma espécie de ativismo sem ser agressivo. Porque o nosso convite é: vamos tomar uma cerveja e comer algo. Na paralela você vai conhecer melhor a sua cidade e aumentar a sua rede conhecendo pessoas.”

Sobre a “cena” das crews em São Paulo: “Pra mim crew não é correr com roupinha colorida, com camiseta cheia de patrocínio parecendo macacão de formula 1. Não é ficar fazendo merchan, ficar mostrando toda hora vídeo seu na academia treinando. Tem o lance da sub cultura e do propósito que uma crew faz que nem cabe esse tipo de coisa. Eu acho positivo porque tem mais gente na rua e correndo. Tem bastante gente montando grupos. Mas cena de crew igual existe lá fora aqui em São Paulo não tem.”

Daqui a 15 dias vamos conhecer a história de 7 corredores que criaram uma running crew depois que o Nike Run Club SP decide mudar sua estratégia e focar no público jovem: a Seven Runners Crew

Por: Robson Silva

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“Tamo Junto CT” – Running Crew Periférica

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Foto: Robson Silva

Quando se busca pelo termo “running crews”, o retorno é sempre de grupos formados por corredoras e corredores de classe média. No caso da cidade de São Paulo, esses grupos estão concentrados no Parque do Ibirapuera, Avenida Paulista ou em outros bairros mais próximos da elite da sociedade. Isso não acontece por vontade própria. É natural que quem pense em correr em São Paulo pensa primeiro nesses locais. Existem grupos de corrida em locais distantes e periféricos? Sim, sempre existiram. Mas com o estilo “running crew” não.

Até duas mulheres que eram frequentadoras dos treinos do “Vem c Nois” pensaram: “porque não fazemos isso lá onde moramos”. Esse lugar é o bairro “Cidade Tiradentes” que fica a aproximadamente 35km de distância da Av. Paulista onde a crew comandada pelo Caio faz seus “corres”. “Estávamos no metrô voltando pra casa e pensamos: por que não montar um grupo de corrida na Cidade Tiradentes?” Foi o que Mirian Santos e Senny Neres me contaram quando fui acompanhar o treino da “Tamo Junto C.T. Naquela ocasião, junto com Wesley Gonçalves e Bete Brito, os quatro juntos formavam a crew que corre em um dos bairros mais afastados do centro da cidade e motivam várias pessoas a correr todas as sextas-feiras à noite.

Foto: Robson Silva

O nome da crew surgiu do jeito mais prosaico possível. Míriam disse que toda vez que eles chamavam as pessoas para correr terminavam com a frase: “bora então? Tamo junto!” De tanto repetirem acabaram por escolher esse nome, junto com as iniciais do bairro. Para o entendimento seria “Tamo Junto Cidade Tiradentes”.

Outra característica da fundação do grupo: a maioria das organizadoras dos treinos são mulheres. E elas dizem que isso não é por acaso. Na percepção delas, as donas de casa de várias faixas etárias estavam sempre em casa e raramente saiam para fazer uma caminhada que fosse. Ou estavam cuidando dos filhos, ou estavam em afazeres domésticos. E foi assim que as Míriam e Senny começaram a chamar outras mulheres para correr.

“A gente tinha ideia de levar o mesmo formato de treino que a gente via no Vem c Nois e outras crews que corriam no Ibirapuera e no centro para a Cidade Tiradentes: as caixas de som, a alegria e a corrida sem muito compromisso, mais pela diversão de estarmos juntas. Sem esquecer de quem vem fazer caminhada.” E o perfil de quem participa dos treinos da “Tamo Junto C.T.” é bem esse mesmo: muitas mulheres, algumas correndo e várias pessoas fazendo caminhada.

Tudo é adaptado. A divulgação é feita através de um perfil do Instagram, assim como as outras crews. Mas eles acrescentaram uma estratégia: distribuição de panfletos. “Procuramos fazer divulgação de um jeito bem tradicional. Falamos com a equipe de corridas “Fênix” que é aqui do bairro e eles vieram participar. Até o subprefeito já veio correr. Fica lotado de pessoas. A Polícia Militar se voluntariou pra ajudar a gente fechando o trânsito. É incrível!”

Foto: Robson Silva

Os corres, mesmo acontecendo em plena sexta-feira à noite, também permite que as crianças, filhas dessas mulheres possam participar. Aqui vale uma observação: no dia que eu estive no treino deles para fazer a foto e a entrevista que resultou nesse texto, excepcionalmente, o corre aconteceu em um sábado pela manhã.

Pergunto para o único homem presente na organização dos treinos como é para ele participar: “pra mim é uma honra. Eu só conhecia as três de vista. Nunca tinha conversado com elas, embora eu também participasse de treinos das crews em outras regiões da cidade.” Pergunto em quais delas, e Wesley cita que principalmente ia nos treinos da Damn Gang. “Cheguei a ser pacer da Nike em alguns treinos do Nike Running Club (NRC).”

A participação de Wesley no NRC levou a influência do sistema de treinos do clube de corridas da Nike para dentro da Tamo Junto C.T.: desde as organizadoras e eles atuarem como “pacers” até o uso das caixas de som, hidratação no final e fotos que são distribuídas no final do treino e que, postadas nos perfis das pessoas que frequentam o treino, ajudam a ampliar a divulgação.

No logo da crew está escrito: corremos com respeito, união e diversão. Perguntados o porquê disso Wesley me responde: “esses são os nossos valores. Afinal correr tem que ser divertido e isso que une a galera. E a gente conta sim com o apoio dos comerciantes do bairro. Todos esses nomes que estão nas costas da camiseta foram de empresas que nós batemos na porta e pedimos ajuda. E eles contribuíram de alguma forma para podermos oferecer um treino bacana para quem vem. A gente não tem todos esses nomes para mostrar que a gente está cheio de patrocínio. Somos gratos a todos.”

Daqui 15 dias, vamos conhecer a crew onde o Wesley também corre e uma das que mais representam o espírito original das crews norte-americanas: a Damn Gang.

Por: Robson Silva

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Vem Com Nois: como transformar a avenida Paulista em pista de corrida

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Foto: Robson Silva

Se por acaso você passar pela avenida Paulista toda quarta-feira por volta de 22h vai perceber um grupo enorme de mais ou menos 100 pessoas correndo, com sorrisos no rosto, uma animação além do normal de qualquer pessoa naquele horário no meio da semana. Esse grupo é o “Vem Com Nois”, uma família, como descreve Caio Bellantani um dos fundadores do grupo.

Caso você não more na cidade de São Paulo, vale aqui uma explicação: segundo estudo dos engenheiros de trânsito, quarta-feira é o dia mais movimentado na cidade. É o dia que as pessoas mais deslocam para resolver compromissos na rua. E a avenida Paulista é uma das principais vias da cidade. Um dos lugares que mais reúne pessoas em São Paulo. Então porque marcar os treinos nesse lugar? Quando eu conversei (e corri) com eles em 2018 ficou claro que a resposta era na verdade uma pergunta: por que não?

O Vem Com Nois começou quando Caio começou a correr no Outra Fé (veja coluna da semana passada). Ele via o Poldo e tudo o que acontecia naquele grupo, gostava da maneira como o corre acontecia: “eu achava o que ele fazia era insano. Eu nem tinha pretensão de criar uma crew ou algo assim, mas gostava de ver como ele fazia a coisa acontecer.”

Foto: Robson Silva

Mas o VCN não começou exatamente como uma crew. Caio deu início às atividades produzindo conteúdo para internet. Embora as redes sociais já existissem naquele momento, a onda de influencidores digitais, especialmente no universo da corrida ainda não existia da forma como conhecemos hoje.

Já nessa dinâmica, Caio passou a frequentar os treinos do NIke Running Club (NRC) da Nike e foi convidado para trabalhar como pacer. Lá ele conheceu as outras pessoas que junto com ele formaram a crew. No NRC Caio aprendeu muita coisa: como “puxar” um treino, como atender e receber as pessoas, como fazer tudo como uma forma de trabalho mesmo e não uma brincadeira: “afinal de contas estávamos lidando com pessoas.”  Ele organizou essas ideias, pensou em um modelo de negócios, apresentou o projeto e conseguiu o apoio da Nike.

Em 2017 a Adidas criou o “Adidas Runners”. A empresa passou a monitorar as principais crews da cidade e fizeram um convite para o Vem Com Nois participar do projeto. “Eles entenderam que nós tínhamos condições de estar junto com eles pra iniciar o projeto junto com eles aqui no Brasil. Nós ficamos muito felizes com o convite, topamos e hoje temos um grupo de corridas bem grande na cidade.”

E desde então, e muitos projetos depois, Vem Com Nois é uma das principais running crews da cidade, reunindo centenas de pessoas em cada “corre”. Quando Caio é perguntado por que tanta gente comparece, ele explica a fórmula: “a gente faz tudo com muito amor. Ok, somos um grupo de corrida mas não é só isso que a gente quer passar. A gente procura passar energia, amor ao próximo, incentivar as pessoas a trazerem um amigo que está precisando de ajuda para vir aqui correr… “

E foi por causa dessa energia que duas mulheres que percorriam quase 35km, saindo da Cidade Tiradentes para frequentar os treinos, decidiram criar uma crew de corrida no extremo da Zona Leste, periferia de São Paulo. Daqui 15 dias vamos contar a história do “Tamo Junto C.T.”

Por: Robson Silva

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