A demonização dos carboidratos vem comprometendo o desempenho, a recuperação e até a saúde metabólica de quem corre por prazer.
Nos últimos anos, o medo de comer carboidratos ganhou espaço nas redes sociais e nas conversas de bastidor entre corredores amadores. A promessa de emagrecimento rápido e definição corporal parece tentadora, mas a restrição energética tem um custo alto: perda de rendimento, fadiga constante e maior risco de lesões.
O carboidrato é a principal fonte de energia para exercícios de alta intensidade e/ou longa duração. Seu baixo consumo pode comprometer o desempenho, aumentar o risco de lesões, reduzir os níveis de ferro e enfraquecer o sistema imunológico (Rodrigues et al., Rev. Port. Cien. Desp., 2018; DOI: 10.5628/rpcd.18.03.16).
De acordo com o American College of Sports Medicine (ACSM), a recomendação diária de carboidratos para corredores varia entre 3g/kg e 12g/kg de peso corporal, a depender da intensidade, duração e volume dos treinos (Thomas et al., Med Sci Sports Exerc, 2016). Isso significa que quanto mais exigente o treino, maior a necessidade de reposição adequada de glicogênio — o combustível que mantém o corpo em movimento.
No entanto, com a influência da mídia e da cultura da magreza, é cada vez mais comum ver atletas amadores tentando conciliar performance com dietas restritivas. Muitos acabam treinando com energia insuficiente, acreditando que comer menos é sinônimo de disciplina. Na prática, essa estratégia pode sabotar tanto a performance quanto a saúde: além da queda de rendimento, há impacto na regulação hormonal, no humor e na imunidade.
Mesmo quando o objetivo é o controle de peso, a restrição deve ocorrer de forma gradual e responsável, sem demonizar nenhum grupo alimentar. Estratégias nutricionais bem planejadas — como o carb cycling ou o ajuste do consumo conforme o treino — podem equilibrar estética e performance sem comprometer o organismo.
O carboidrato não é vilão — é combustível. Entender como e quando utilizá-lo é o que diferencia uma alimentação estratégica de uma restrição sem propósito. Comer bem é tão importante quanto treinar bem.
Não importa se você corre 5 km ou enfrenta ultramaratonas: a corrida deve ser sinônimo de prazer, saúde e vitalidade.
Em resumo: mais energia no prato, mais performance na pista.
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