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Outra Fé – A busca pela paz interior que deu origem as running crews brasileiras

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Foto: Robson Silva

Segundo artigo da Wikipedia, “kernel” é o componente central de um sistema de computação. Serve de ponte entre aplicativos e o processamento real de dados. Ou seja: tudo passa pelo kernel. É a fonte de tudo. E a Outra Fé é o kernel das running crews em São Paulo.

Criada em 2009 por Hector Farto e o “Lagarto”, Outra Fé formou a maioria dos corredores que hoje cuidam de outras crews na cidade. Muita gente começou correndo com eles e hoje movimentam centenas de outras pessoas pela cidade.

Foto: Robson Silva

Antes, uma observação: essa série de textos publicados aqui na Runners Brasil é fruto de uma série fotográfica que produzi em 2008 com esses grupos. Na ocasião, a configuração da Outra Fé era outra. Poldo Longo ainda fazia parte da crew por exemplo. Mas isso não invalida o registro que fiz das origens deles na conversa que tive com o próprio Poldo, Hector e a Camila, pouco depois de mais um dos encontros no Parque do Ibirapuera em São Paulo.

O nome “Outra Fé” surgiu a partir de um questionamento deles: “por que as pessoas vão às igrejas?” Segundo Hector, as respostas eram diversas: “elas tem origens diferentes mas tem um ponto que as conecta, no caso a religiosidade. Na corrida é a mesma coisa: as pessoas que vem correr conosco tem origens completamente diferentes mas com algo que as conecta: a corrida. Nós não achávamos um nome e chegamos a “Outra Fé” por causa disso.”

A ideia de Hector e “Lagarto” era correr pelo Brasil e encontrar líderes religiosos ou espirituais. O plano seria ir até lugares como o Templo Zulai, Basílica de Aparecida do Norte, tribos indígenas para descobrir a origem dessas religiões e como seria a ligação desses cultos com a prática de corrida. Porém isso era um projeto pessoal como uma “jornada interior”. Ainda não era uma coisa de reunir gente para correr. Quem teve a ideia de abrir para mais pessoas conhecerem foi o Poldo que, quando chegou levou a proposta de levar isso para mais gente. Então eles construíram a marca (um par de tênis como se fossem mãos se juntando para rezar) e tudo começou.

Esse paralelo com a religiosidade faz sentido nesse contexto. Como já lido e visto em diversas publicações, a corrida faz ligação entre o nosso mundo interior e exterior. Como bem lembra Camila ao longo da nossa conversa.

Foto: Robson Silva

Mas voltando ao início do texto: por que Outra Fé é a origem das running crews no Brasil? Muita gente que formou outros grupos começou na corrida nos encontros deles, com uma característica importante: o perfil desses corredores era muito mais jovem. Não era o corredor atleta, pai ou mãe de família que treinava para correr a São Silvestre ou provas de competição. Era gente nova que se encontrava para correr, se divertir e sobretudo estimular outras pessoas a experimentarem a corrida de rua.

Entre essas pessoas que entraram com esse tipo de prática na corrida estava Caio Bellentani (Vem c Nóis) entre outros que também foram ramificando a criação de novas running crews. E o nosso encontro é justamente como sobre o Vem C Nóis reune centenas de pessoas todas as quartas-feira na Avenida Paulista.

Por Robson Silva

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