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“Running sucks! O Brasil no mapa das running crews”

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Quando você começou a se interessar por corrida de rua, que imagem você tinha de um atleta? Provavelmente era de uma pessoa extremamente dedicada, que corria muito rápido, fazendo dietas mirabolantes para alcançar grandes performances e correr distâncias absurdas. Provavelmente um maratonista. Pergunte a quem não pratica o esporte e você provavelmente uma descrição parecida com essa irá surgir na resposta.

No começo do século XXI o perfil médio do corredor era: homem, média de idade entre 35 e 40 anos, e corredor que buscava performance. O `jogging’ ou ato de correr por prazer era uma prática comum, mas estava longe de ser alvo da atenção do grande público. Jovens odiavam correr. O esporte era aplicado como punição em diversas práticas educacionais ao redor do mundo. Chegou atrasado na aula? Castigo: dar 10 voltas na quadra da escola. Correr era chato demais. Literalmente.

E é nesse contexto que em 2004, o norte-americano Mike Saes resolve que não queria mais correr sozinho buscando a performance pela perfomance apenas: “O truque para correr é saber que correr é um esporte muito chato. Mas quando corremos é importante pegar o visual e não pensar na dor no tornozelo ou na quilometragem que você percorre. Não é como um treino em casa, pois de repente você está subindo uma ponte. É realmente um jogo mental comparado a quando você está em uma esteira. A diferença é que pensamos na perspectiva de tomar uma cerveja ou comer um hamburguer no final do treino” disse.

E foi com essa premissa que ele cria um grupo que corria de noite saindo do centro da cidade de Nova Iorque e iam do East River até o Brooklyn e voltavam. Nascia assim a “Bridge Runners”, a primeira crew de corrida com essa filosofia: “correr é um saco, mas correr em grupo pode ser incrível”.

A ideia foi se espalhando pelos EUA, Europa e chegou ao Brasil em 2009, trazido por dois corredores paulistanos que queriam percorrer o país correndo e visitando templos de diversas religiões. Daqui a 15 dias, eu conto a história da primeira running crew brasileira: a “Outra Fé”.

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Seven Runners Crews

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No segundo semestre de 2014, a Nike trouxe para o Brasil o projeto “Nike Running
Club” ou NRC. A iniciativa que já existia em outros lugares do mundo, reunia
corredores para treinos semanais, orientados por treinadores profissionais e uma
grande infra estrutura. Em São Paulo. gerenciado pela agência Milk, que tinha
expertise nesse universo, a iniciativa foi um sucesso absoluto logo nos primeiros
eventos.

Aos poucos, corredores de diversas partes da cidade foram tomando conhecimento
desses encontros. A notícia se espalhou e as inscrições para participação se
esgotavam em questão de segundos. Pessoas paravam o que estavam fazendo no
dia esperando o horário em que o site atualizaria. Mesmo com essa dinâmica, havia
um grupo de pessoas que invariavelmente comparecia.

Isso funcionou em um período de aproximadamente 2 anos. Após os Jogos
Olímpicos de 2016, a marca mudou a estratégia, e decidiu destinar os enventos do
NRC apenas para pessoas abaixo de 26 anos. Não tenho os dados na mão, mas eu
sendo um dos frequentadores, por observação, posso afirmar que mais da metade
dos frequentadores estava bem acima dessa faixa etária. Incluindo eu. Do dia para
a noite deixamos de ter onde nos encontrar para correr às terças e sábados.

Em janeiro de 2017, um grupo de 7 corredores entre os excluídos do NRC decidiram
criar um grupo para fazer o mesmo treino para seguir correndo juntos. Sem a
mesma infraestrutura mas com a mesma vontade. Alguns meses de conversa se
seguiram e, em abril daquele ano estava formada a “Seven Runners Crew”. A ideia
inicial era motivar as pessoas a saírem do sofá. Especialmente aquelas acima de 26
anos. Os corres seriam marcados em diversos pontos da cidade. Além dos 7
organizadores, também havia o “grupo de apoio”, outro nome dado aos pacers.

Tudo como era no NRC.

Foi um sucesso logo de cara. Tanto que, apenas 3 meses depois, a crew recebeu
uma e-mail do marketing da Nike. Semanas depois, a Seven Runners assinou um
contrato de parceria com a marca.

Ao longo dos útlimos cinco anos, a Seven Runners se tornou uma das referências
quando se fala de running crews em São Paulo. Ainda em 2017, partiu deles a
iniciativa do “Encontro das Crews”, iniciativa inédita que reuniu todos os grupos da
cidade por 3 anos levando centenas de corredores a correrem juntos sem nenhum
tipo de recompensa.

Outra iniciativa criada pelo grupo foi uma divisão feminina. Em 2018, após um
intercâmbio com a “Calma Clima”, running crew de Belo Horizonte, que veio para
São Paulo fazer um treino junto com o grupo e tem a ação chamada “Climanas”, um
treino exclusivo para mulheres, foi criado a “Seven Runners Girls”.

Mais de 5 anos depois a Seven Runners Crew segue mantendo os encontros todos
os sábados às 8h da manhã em algum ponto da cidade de São Paulo.
Recentemente fechou um acordo de parceria com a Brooks Running que fornece
tênis e apoio para os membros fixos do grupo.

A Seven Runners se inspirou no “Climanas” para fazer uma divisão feminina. Mas
há uma running crew 100% criada e formada por mulheres. E delas na próxima
coluna: as “Elas que Voam”.

Por: Robson Silva

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Running Crew – Damn Gang

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Foto: Robson Silva

Se tem uma running crew no Brasil que segue na essência a origem do movimento, “ipisis litteris”, essa é a Damn Gang. Felipe Paku e Luciana David correm desde 2015. Mas criaram a crew em 2016. Foi quando eles se juntaram e começaram a chamar as pessoas para correr. “O lance é que correr é um saco (sic). É chato demais. A Lu começou a correr porque tinha que fazer algum esporte aqui em São Paulo. Meu pai é maratonista. Então eu fui meio que junto com eles.” Me contou Paku logo após um dos corres da Damn em 2018.

“É difícil descrever o que a gente faz”. E ao contrário do que você possa pensar, essa fala não soa arrogante. Ao contrário, me pareceu uma dúvida real que ele mesmo parecia ter naquele momento. Ao longo da conversa fomos chegando a algumas conclusões que talvez descrevam melhor o que essa crew criada no final de 2016 faça hoje.

Não é um “corre” popular. É nicho. É underground. É com propósito. Para mim a Damn Gang é a crew que tem mais personalidade entre todas. Eles não se preocupam se vai aparecer 100 ou 2 pessoas. Os corres são marcados. Se você for, ótimo. Se não for, ótimo também. Tanto faz. Eles estarão lá e vão correr. Com a mesma vibe, com a mesma dinâmica. Eu mesmo fui em corres da Damn com muita gente e com pouca gente. E era igual. Nenhum choro pela quantidade de pessoas. Até porque, você é convidado a ir correr com eles. Esse é o espírito.

Mas ao invés de eu escrever aqui o que penso, prefiro deixar o próprio Paku de 2018 dizer o que pensa. Abro aspas para ele.

Sobre cultura de corrida de rua: “O que eu mais ouço os caras lá de fora falar é que esse tipo de corre é como se fosse uma mesa de jantar da sua casa onde você recebe os amigos. Só que, no caso dos grupos de corrida, a gente recebe as pessoas na rua. A verdade é que a gente prefere muito mais o pré e o pós corre. O durante é só a ferramenta que junta. O legal mesmo é conversar, conhecer novas pessoas, fortalecer os laços, beber, comer, celebrar.”

Sobre como a corrida de rua muda a relação das pessoas com a cidade: “Mudou muito. A gente sente que a cada esquina que a gente passa de carro, quando a gente passa correndo a pé a gente vê coisas que a gente nunca viu. A gente se sente mais parte da cidade. E a gente quer compartilhar isso com mais pessoas. E de certa forma é uma espécie de ativismo sem ser agressivo. Porque o nosso convite é: vamos tomar uma cerveja e comer algo. Na paralela você vai conhecer melhor a sua cidade e aumentar a sua rede conhecendo pessoas.”

Sobre a “cena” das crews em São Paulo: “Pra mim crew não é correr com roupinha colorida, com camiseta cheia de patrocínio parecendo macacão de formula 1. Não é ficar fazendo merchan, ficar mostrando toda hora vídeo seu na academia treinando. Tem o lance da sub cultura e do propósito que uma crew faz que nem cabe esse tipo de coisa. Eu acho positivo porque tem mais gente na rua e correndo. Tem bastante gente montando grupos. Mas cena de crew igual existe lá fora aqui em São Paulo não tem.”

Daqui a 15 dias vamos conhecer a história de 7 corredores que criaram uma running crew depois que o Nike Run Club SP decide mudar sua estratégia e focar no público jovem: a Seven Runners Crew

Por: Robson Silva

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“Tamo Junto CT” – Running Crew Periférica

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Foto: Robson Silva

Quando se busca pelo termo “running crews”, o retorno é sempre de grupos formados por corredoras e corredores de classe média. No caso da cidade de São Paulo, esses grupos estão concentrados no Parque do Ibirapuera, Avenida Paulista ou em outros bairros mais próximos da elite da sociedade. Isso não acontece por vontade própria. É natural que quem pense em correr em São Paulo pensa primeiro nesses locais. Existem grupos de corrida em locais distantes e periféricos? Sim, sempre existiram. Mas com o estilo “running crew” não.

Até duas mulheres que eram frequentadoras dos treinos do “Vem c Nois” pensaram: “porque não fazemos isso lá onde moramos”. Esse lugar é o bairro “Cidade Tiradentes” que fica a aproximadamente 35km de distância da Av. Paulista onde a crew comandada pelo Caio faz seus “corres”. “Estávamos no metrô voltando pra casa e pensamos: por que não montar um grupo de corrida na Cidade Tiradentes?” Foi o que Mirian Santos e Senny Neres me contaram quando fui acompanhar o treino da “Tamo Junto C.T. Naquela ocasião, junto com Wesley Gonçalves e Bete Brito, os quatro juntos formavam a crew que corre em um dos bairros mais afastados do centro da cidade e motivam várias pessoas a correr todas as sextas-feiras à noite.

Foto: Robson Silva

O nome da crew surgiu do jeito mais prosaico possível. Míriam disse que toda vez que eles chamavam as pessoas para correr terminavam com a frase: “bora então? Tamo junto!” De tanto repetirem acabaram por escolher esse nome, junto com as iniciais do bairro. Para o entendimento seria “Tamo Junto Cidade Tiradentes”.

Outra característica da fundação do grupo: a maioria das organizadoras dos treinos são mulheres. E elas dizem que isso não é por acaso. Na percepção delas, as donas de casa de várias faixas etárias estavam sempre em casa e raramente saiam para fazer uma caminhada que fosse. Ou estavam cuidando dos filhos, ou estavam em afazeres domésticos. E foi assim que as Míriam e Senny começaram a chamar outras mulheres para correr.

“A gente tinha ideia de levar o mesmo formato de treino que a gente via no Vem c Nois e outras crews que corriam no Ibirapuera e no centro para a Cidade Tiradentes: as caixas de som, a alegria e a corrida sem muito compromisso, mais pela diversão de estarmos juntas. Sem esquecer de quem vem fazer caminhada.” E o perfil de quem participa dos treinos da “Tamo Junto C.T.” é bem esse mesmo: muitas mulheres, algumas correndo e várias pessoas fazendo caminhada.

Tudo é adaptado. A divulgação é feita através de um perfil do Instagram, assim como as outras crews. Mas eles acrescentaram uma estratégia: distribuição de panfletos. “Procuramos fazer divulgação de um jeito bem tradicional. Falamos com a equipe de corridas “Fênix” que é aqui do bairro e eles vieram participar. Até o subprefeito já veio correr. Fica lotado de pessoas. A Polícia Militar se voluntariou pra ajudar a gente fechando o trânsito. É incrível!”

Foto: Robson Silva

Os corres, mesmo acontecendo em plena sexta-feira à noite, também permite que as crianças, filhas dessas mulheres possam participar. Aqui vale uma observação: no dia que eu estive no treino deles para fazer a foto e a entrevista que resultou nesse texto, excepcionalmente, o corre aconteceu em um sábado pela manhã.

Pergunto para o único homem presente na organização dos treinos como é para ele participar: “pra mim é uma honra. Eu só conhecia as três de vista. Nunca tinha conversado com elas, embora eu também participasse de treinos das crews em outras regiões da cidade.” Pergunto em quais delas, e Wesley cita que principalmente ia nos treinos da Damn Gang. “Cheguei a ser pacer da Nike em alguns treinos do Nike Running Club (NRC).”

A participação de Wesley no NRC levou a influência do sistema de treinos do clube de corridas da Nike para dentro da Tamo Junto C.T.: desde as organizadoras e eles atuarem como “pacers” até o uso das caixas de som, hidratação no final e fotos que são distribuídas no final do treino e que, postadas nos perfis das pessoas que frequentam o treino, ajudam a ampliar a divulgação.

No logo da crew está escrito: corremos com respeito, união e diversão. Perguntados o porquê disso Wesley me responde: “esses são os nossos valores. Afinal correr tem que ser divertido e isso que une a galera. E a gente conta sim com o apoio dos comerciantes do bairro. Todos esses nomes que estão nas costas da camiseta foram de empresas que nós batemos na porta e pedimos ajuda. E eles contribuíram de alguma forma para podermos oferecer um treino bacana para quem vem. A gente não tem todos esses nomes para mostrar que a gente está cheio de patrocínio. Somos gratos a todos.”

Daqui 15 dias, vamos conhecer a crew onde o Wesley também corre e uma das que mais representam o espírito original das crews norte-americanas: a Damn Gang.

Por: Robson Silva

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