O "X" da questão
O mínimo que você precisa para saber se manter ativo e não sofrer recaídas

Publicados
2 anos atrásem
De
Darlan Souza
Você conhece pessoalmente algum sedentário? Só de ler a pergunta, talvez já lhe tenham vindo um, dois ou dezenas à cabeça. Eu mesmo, enquanto escrevo, estou pensando em vários. Por mais que existam possibilidades de fazer algum exercício ou mesmo praticar algum esporte, prefere ficar parado e para um corpo sair do seu estado de repouso é necessário que uma força passe a atuar sobre ele, é a primeira lei de Newton. Quem não conhece alguém assim, não é? Que os sedentários estão por aí, creio estarmos todos de acordo (você, eu e mais um monte de ativos, corredores mundo afora! Um timaço o nosso, por sinal!).
Vou passar para a próxima pergunta. O que você realmente faz para não ser um sedentário, nem ser induzido ao sedentarismo? Bom, talvez esta seja um pouquinho mais difícil. Talvez você precise de um momento de reflexão e autoanálise. Se quiser, pode desviar os olhos desta leitura (eu costumo olhar para o lado) e pensar por mais alguns segundos em suas atividades físicas diárias. Pensou?
Agora confesse: você já se fez essa pergunta antes? Sim? Não? Inconscientemente? Formulada de outra maneira? Ok. Mas alguma vez, ou agora, você respondeu a si mesmo, por exemplo, que se espanta em ver tanta gente indo à academia, treinando, correndo e mesmo assim em cada lugar que você vai tem mais gente com sobrepeso e obesidade, além de ver muitos fazendo inúmeros tratamentos estéticos para emagrecer ou começando a treinar, logo desistindo junto com dietas sem sucesso? Algo não está muito bem nisso tudo, não é mesmo?
Diga-me: como você pretende não ser mais um sedentário, nem ser induzido ao estilo de vida “estou sem tempo para isso”, se você pouco ou nada sabe sobre toda essa história e os avanços das ciências da saúde? Vamos falar um pouco sobre isso. Sim: os avanços das ciências da saúde. A ciência mais avançada do mundo atual – opera em escala global, inclusive – e o seu resultado é justamente a multiplicação de muitas pesquisas em prol da busca incansável pelo emagrecimento e pela saúde plena, a cura das doenças. Já muitos, clamam pelo milagre, a utopia da pílula do emagrecimento para se livrar daquelas gordurinhas indesejadas. Outros, infelizmente, estão tentando seguir padrões estéticos nada saudáveis, criando transtornos psicológicos e alimentares em muitos jovens e adultos. Problemas esses que até poucas décadas não existiam, mas com o advento da internet e das redes sociais foram acentuados. Aqui, o maior alerta é para o equilíbrio da saúde física e mental para a plenitude do ser.
Lembre-se:
Os problemas cardiovasculares, o excesso de peso corporal são os maiores vilões do mundo e Hipócrates já alertava: “Que seu remédio seja seu alimento, e que seu alimento seja seu remédio.” Mas, mesmo assim, ainda vemos gente comendo em excesso, se exercitando de maneira errônea, ou nem se exercitando (sedentário), ou ainda acreditando que o corpo não precisa de exercícios.

É lógico que você precisa se exercitar, todos precisamos! Agora, aceitas um desafio? Estou convidando para juntos, trazer mais pessoas para o nosso time! Isso mesmo, convidar pessoas para treinar conosco, seguir um programa de treinos regulares, se nutrir com mais saúde a mesa e ter um comportamento emocional mais saudável. Talvez você já tenha tentado, mas aqui vai mais umas informações importantes que talvez não tenha se dado conta, por exemplo:
Quando publicamos aquelas fotos de sofrimento, dor, choro, por mais que pareça “heróico” não é nada atrativo ao ponto de vista do sedentário que pretende começar. O mesmo vale para aquelas publicações sobre “Tá pago” ou sair “mancando da academia” dando indiretas para outras pessoas como “Essa é para você que torceu contra!” Ah por favor, menos né!
Enfim, isso só afasta as pessoas dos exercícios. Imagina um sedentário que estava pensando em sair para caminhar ou correr com você vê isso logo ele pensa: “Por que vou me exercitar e sofrer, se posso seguir com meu estilo de vida sedentário e confortável, alegre e cheio de amigos sorrindo?”
E preciso ter equilíbrio na vida. Sempre critiquei o fato das pessoas passarem décadas sedentárias, esperarem sentadas um acometimento grave ocorrer em suas vidas para acordarem e ver a necessidade de manter um estilo de vida equilibrado e ativo para a longevidade. Ou ainda aqueles que do nada, mudam radicalmente do sedentarismo virar ultramaratonistas ou triatletas e cruzar o mundo correndo. Poderia ter se tornado triatleta, maratonista ou ultramaratonista sem ter passado por alguma doença grave ou ter adquirido 3 dígitos na balança né. Isso é prevenção e isso que devemos focar, auxiliar as pessoas a terem aderência aos exercícios regulares e neste ponto a corrida de maneira gradual, pode ser uma excelente ferramenta de promoção da saúde, não é mesmo?
Por outro lado, sobre os extremos e as críticas, é melhor ser taxado de atleta ou de fitness do que de preguiçoso ou desleixado com a saúde. Hoje em dia, todos sabemos que é muito fácil e seguro se exercitar por menos de 60 minutos por dia entre 3 a 5 vezes na semana, manter uma dieta equilibrada e um equilíbrio mental para a saúde plena e evitar assim gastos desnecessários com remédios [as indústrias farmacêuticas e farmácias estão bilionárias], médicos, exames e ter que depender do [deficitário e sobrecarregado] SUS para algo que poderíamos sanar com hábitos saudáveis.”
Para mudar o comportamento tem alguma fórmula? Sim, só motivação não resolve, é preciso ter metodologia, técnica e muita fundamentação, e o modelo transteórico parece ter mais fundamento neste sentido. Ele afirma que para que uma verdadeira mudança comportamental ocorra em uma pessoa, ela deve ter necessariamente passado por 5 etapas. Repito cinco etapas, veja a importância da construção do processo a longo prazo. Além do mais, esta teoria que foca na mudança intencional, ou seja, a tomada de decisão do indivíduo, ao contrário de outras abordagens, que se concentram nas influências sociais ou biológicas do comportamento.
Este modelo está fundamentado na premissa de que a mudança comportamental acontece ao longo de um processo no qual as pessoas passam por diversos níveis de motivação para mudança. Esses níveis estariam representados por estágios de motivação para a mudança que representam a dimensão temporal do modelo transteórico, e permitem que entendamos quando mudanças particulares, intenções e reais comportamentos podem acontecer.
Veja a figura:

Assim se pretendes ajudar alguém a correr, entenda que para ter aderência a corrida, é preciso que o sujeito tenha uma progressão bem leve, começar devagar, digamos que um hábito não muda jogando pela janela e sim subindo devagar as escadas, passo a passo, este é o X da Questão! E assim, este hábito (ou podemos chamar de transformação), deve ser lento, mudar tudo ao mesmo tempo (do 8 ao 80), vai deixar o indivíduo sujeito a sofrer recaídas. Por isso gosto tanto de falar as pessoas procurarem um psicólogo nesta jornada na busca pela mudança de vida, ele é o profissional que vai ajudar a alinhar os treinos e a dieta de forma progressiva, entendendo os medos e anseios do indivíduo.
Agora veja bem: Inicialmente criaram neste modelo transteórico, em quatro estágios: pré-contemplação, contemplação, ação e manutenção. Posteriormente, verificou-se que, entre o estágio da contemplação e o da ação, as pessoas passavam por uma fase de planejamento das possíveis ações. Esse período foi denominado determinação ou preparação e passou a ser incluído como o terceiro estágio.
A construção do modelo transteórico e suas escalas, que foi amplamente divulgada a partir de 1970 por dois psicólogos dos EUA (à partir de estudos com fumantes), tem servido de base para a formulação de novas e mais adequadas propostas de intervenção terapêutica no tratamento das adições. Essas propostas vêm sendo testadas por inúmeros autores em diferentes lugares do mundo, para entender melhor de como podemos mudar um comportamento, aderir a algumas coisas e abandonar algumas coisas que não nos levam a lugar nenhum, e então, vamos seguir correndo e trazendo mais pessoas ao mundo da corrida?
Por: Darlan Souza

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O "X" da questão
Faça um mergulho profundo, mas antes analise muito bem a água

Publicados
1 dia atrásem
16/02/2025De
Darlan Souza
Faça um mergulho profundo, mas antes analise muito bem a água
Quem são suas referências, quem são seus mestres?
Ouço corriqueiramente os mais antigos da nossa área de atuação (profissionais de educação física) ou de outras áreas correlatadas reclamarem muito ou mesmo relatarem que “os jovens de hoje em dia, não tem interesse em nada e são fugazes e velozes demais”. Citam que falta interesse, falta disposição e conhecimento. Confesso que me fiquei pensativo sobre isso, pois eu mesmo, quando iniciei nesta jornada, não sabia sobre nada e sobre ninguém de minha área e fui investigando como todo bom curioso.
Ouvi um outro colega dizer “que se assusta” em ver os jovens quererem fazer vídeos com dicas de treinos, saúde e performance nas redes sociais e não saberem quem foram as grades referências na nossa área como: Matveev, Verkhoshansky, Platonov, Fleck, Åstrand, Bompa, McDardle, Netter, Guyton, Lehninger. Eu iria além, poderia citar os nomes de grandes atletas, ou mesmo de grandes mestres como; Antônio Carlos Gomes, Waldemar Guimarães, Wanderlei Oliveira, Bayardo e entre outros das nossas universidades brasileiras. Ou mesmo as atuais referências acadêmicas mundiais como Andrew Jones, Asker Jeukendrup, Stuart Phillips, Louise Burke e Panteleimom Ekkekakis, Trent Stellingwerff, Erick Rawson entre outros. Poderia citar livros clássicos da nossa literatura em português e inglês, enfim teria muita coisa a se referir.
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Eu já presenciei algumas coisas como pessoas que praticavam corrida de rua há alguns anos, dizendo que não sabiam quem era Ronaldo da Costa, pessoas que faziam jiu-jitsu há mais de três meses dizerem que não sabiam quem era Hélio Gracie e outra academia que fui certa vez entregar um material, o professor me disse que não sabia quem era Waldemar Guimarães.
Agora antes de criticar, devemos ajudar, já vi muito colega dizer que vai ajudar, que vai se empenhar, que está disposto a colaborar com todos os novatos, mas na hora que “convocamos” para esta colaboração, o que ouvimos é: “estou na correria” quem sabe vejamos isso ano que vem. Aí não dá né! Concordo que tem muita gente que acredita saber tudo, quer ser validado “goela abaixo” e acredita que dar um “carteiraço” ou uma “diplomada” vai resolver e vai ser reconhecido como “o cara” da nossa área. Para ser uma verdadeira referência é preciso ser grande, ser gigante em muitos aspectos, é muito mais ter seguidores ou patrocinadores, ou ter um bando de idiotas ignorantes (por falta de conhecimento) que o idolatram.

É muito mais que isso, é preciso viver, estar mergulhado na área e acima de tudo ter a humildade de estar sempre ajudando, aprendendo, participando de eventos e congressos dos mais comerciais ao mais acadêmicos e científicos, sempre com aquela “chama interna” da vontade de ir além que jamais se apaga. Debruçando todo tempo possível, debruçando com muito amor e dedicação na atividade e na interação dos assuntos, algo que poucos tem. Digo mais, já vi muitos colegas formados se intitulando “cientistas” o que é um erro, pois não fazemos ciência, ciência é o todo. O máximo que alguém pode fazer na nossa área é a pesquisa que é parte da ciência, uma fração, é por exemplo saber procurar bons artigos nas bases de dados como como o PubMed, SciELO entre outros, ler os bons artigos, interpretar e escrever mais alguns artigos e publicar em revistas de alto impacto, então este sujeito será um pesquisador, cabe lembrar que os excelentes artigos são escritos em inglês, então esperamos que este sujeito tenha pleno domínio da língua estrangeira, certo?
Indo além, em que nível de pesquisador, quantos artigos de elevado nível e alto impacto escreveu com seu grupo de pesquisa? Pois o CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e a Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) possuem sistemas de classificação para pesquisadores e instituições. Por exemplo: 1A (mais alto),1B,1C,1D e Pesquisador Nível 2 – Para pesquisadores em estágio inicial de consolidação na carreira. E tudo isso depende da produção científica, liderança em pesquisa, orientação de alunos e impacto da pesquisa. A Capes classifica os programas de pós-graduação em sistemas de avaliação em uma escala de 1 a 7, e a classificação do programa pode impactar a percepção da qualidade dos pesquisadores vinculados a ele (A EEFE da USP teve nota máxima 7 no último quadriênio). Veja que é mais profundo que se imagina, então se intitular um “cientista” me parece um pouco mais do que o sujeito realmente é, pelo menos no mundo acadêmico científico.
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Outro ponto a destacar, me parece que (infelizmente) a grande maioria dos treinadores no Brasil, prescreve os treinos na base da experiência prática (que muitas das vezes é de poucos anos), ou do empirismo, por exemplo confundindo algo crucial no mundo do treinamento, que é fazer a prescrição baseada em atletas profissionais, sendo que o seu cliente/aluno/paciente é um sujeito comum ou mesmo um atleta recreacional). É o mesmo que ler todos os manuais da F1, fazer um curso na Ferrari e depois ir atender as pessoas normais, com seus carros populares, tentando encontrar solução de consertar um Fiat Uno 2008 no Brasil do seu João.
Prescrever treinos sem estar pautado em ciência ou mesmo se preocupar verdadeiramente em personalizar ao máximo o treino para aquele indivíduo, sem ser algo “enlatado”, um treino “pronto de gaveta” é o melhor caminho para o fracasso. Dificilmente um profissional conseguirá manter alguém ativo (com aderência a atividade), atuar com excelência, se sustentar na prática com resultados satisfatórios (na saúde, na performance) se não tiver embasado, ancorado em bases teóricas sólidas o suficiente para que sustentem suas escolhas, suas condutas e suas práticas na atuação diária, seja com um sujeito que poderia chamar de cliente, um aluno ou um atleta. Escolher entre viver no mundo acadêmico e no mundo prático fora dos laboratórios de pesquisa muita organização, disposição e tempo de sobra.
Neste sentido, o que temos que fazer é ter paciência com os jovens e lembrar: Nem todos, quando começam tem boas referências, tem um histórico familiar na área ou algum nível de vivência ou experiência na área. Nossa missão agora é ajudar os mais jovens justamente para que eles tenham acesso a este conhecimento, compreendam o poder de saber onde está pisando, conhecer a história, estudar o presente e ver o futuro com cautela. É mergulhar, porém com respeito ao “oceano de informações e histórias”
Eu mesmo, se analisar friamente, ninguém da minha família havia se quer pisado em uma universidade, imagina ter um contato próximo com algum pessoal que atuava com educação física. Logo, neste sentido tive que “abrir picada” e desbravar toda área sozinho e com o ímpeto de começar do zero, mas atingir o objetivo maior, que é buscar pelo conhecimento, entender mais sobre a área e atuar com preparação física, saúde e com pessoas.
Para quem está começando em alguma área de atuação e não quer passar vergonha:
Indico começar a conhecer pelos locais que mais rápido e fácil terás acesso, por exemplo: quem são as maiores referências locais (do bairro) ou da cidade. Quem são estes profissionais ou praticantes, que todos reconhecem como pessoas que são do mitiê e estão intimamente ligados a esta atividade. Use seu tempo e toda potencialidade da internet, assim, procure listar os maiores nomes da área, pessoas que fizeram história e principalmente ler livros e artigos de jornais, revistas e cadernos voltados ao tema. Isso fará uma grande diferença desde cedo. Ler é poder. Depois conheça mais e estude sobre as referências da região, cidades do entorno.
Analise com calma, faça anotações, depois vá “mergulhando” vagarosamente na área, ganhando seu espaço e mostrando seu interesse (praticando ou ouvindo quem pratica), mostre todo seu valor e o quanto estás disposto a entender mais sobre o assunto para poder atuar nesta área. Mostre entusiasmo e paixão pela atividade que estás perguntando. Ouça pessoas e histórias.
Notadamente já estarás mais habituado a reconhecer todos os nuances da área e terá tido algum tipo de aprendizado. Depois avance e busque estudar sobre as referências a nível estadual, quem são estes profissionais que todos no estado reconhecem e participam de eventos, são chamados para palestras na área, congressos e workshops, tem uma carreira mais sólida e mais anos de vivência. Depois disso, pode avançar mais e com cuidado conhecer os reconhecidos profissionais a nível nacional, pessoas que todos têm como referência, tem alto grau de conhecimento e estão há décadas neste ramo de atuação.
Veja que foi tudo gradual e com o tempo, justamente para ir absorvendo melhor todo este mapa mental e ir mergulhando paulatinamente na área e dentro do contexto que é possível de acordo com sua agenda, estilo de vida e capacidade de absorver este conhecimento, gerando mais maturidade e entendimento.
Recado importante: Jamais devemos esquecer que vivemos na era da informática, das redes sociais, onde a atenção as telas e o tal engajamento gera muito mais lucro do que possamos imaginar (Youtube paga 5.000 dólares para quem atingir um milhão de visualizações), assim os jovens criam conteúdos para os próprios jovens pois ambos tem tempo de sobra para ficar nas telas. As plataformas pagam bem por cada visualização, e quanto mais visualizações tiver para esta “geração upload” melhor financeiramente. Então quanto mais absurdo for o conteúdo e mais polêmico for o vídeo, e por mais que tudo isso possa parecer uma loucura, tem muita gente ganhando dinheiro com a ignorância alheia, criando um verdadeiro circo digital. Eu já escrevi sobre os GURUS da Internet: https://runnersbrasil.com/cuidado-com-o-guru-das-redes-sociais/
Mergulhar no conhecimento é como explorar um oceano infinito: quanto mais nos aventuramos em suas profundezas, mais descobrimos a vastidão do que ainda desconhecemos. Essa imersão não se trata apenas de acumular informações, mas de cultivar curiosidade, questionar o óbvio, estudar os fenômenos e conectar saberes para além da superfície. Ao nos dedicarmos a aprender com humildade — reconhecendo que cada “gota” de saber é parte de um mar maior —, transformamos nossa visão de mundo e contribuímos para a teia coletiva do conhecimento humano. Como lembra a metáfora newtoniana, mesmo sobre os ombros de gigantes, é preciso nadar contra as correntes da acomodação, pois só assim expandimos os limites do que é possível saber. A verdadeira sabedoria não está em dominar o oceano, mas em nunca deixar de mergulhar.
Pode ser que tudo que escrevi por aqui nesta longa reflexão seja para muitos, totalmente irrelevante (tudo bem!). Aproveito e alerto a todos os leitores para continuem estudando muito, lendo muito e que façam escolhas certas na hora da contratação de um profissional para cuidar da própria sua saúde, dos seus treinos e independente se você está buscando alguma performance ou uma vida mais ativa através do esporte, não treine por conta própria.
Cerque-se de profissionais capacitados e habilitados, sua saúde não tem preço. Finalizo o texto com as frases:
“Se eu vi mais longe, foi por estar sobre os ombros de gigantes.”
“O que sabemos é uma gota; o que ignoramos é um oceano”
“Só sei que nada sei” – Sócrates.
Bons treinos camaradas.
Por: Darlan Souza


Olá camaradas, citei em outro artigo em 2022 que atletas recreacionais de corrida deveriam ter um volume de qualidade e acima de tudo, atingir pelo menos uns 80km para correr bem uma maratona e não sofrer uma maratona, pois bem. Agora em fim de 2024 saiu um novo estudo que avaliou 119 mil corredores nas 16 semanas que antecediam uma maratona de o gráfico ficou evidente: Mais volume, melhor tempo na prova! E tudo parece fica melhor apartir do volume semanal de 60 a 80km.

Ou seja: só tem uma maneira de correr bem: Treinando com muito volume e reduzindo o seu peso gradualmente. Assim, se eu pudesse te dar um conselho sobre como correr bem em duas palavras eu diria apenas peso e volume, se me pedisse mais duas eu diria nutricionista e psicólogo. O que temos visto é muitas pessoas correndo com um volume insuficiente para completar um grande desafio como uma maratona ou mesmo uma meia maratona. Sim, volume é fundamental, mas não é tudo, ele apenas é a soma semanal dos seus treinos, sejam eles intervalados, contínuos ou regenerativos. Quem se arrisca a se inscrever em uma maratona ou meia, precisa ter tempo hábil para adquirir volume suficiente para ir bem sem sofrer ou se lesionar na prova ou na preparação e aqui que entra a questão do peso, ou melhor da redução do peso. Quando estamos mais magros, fica mais fácil correr, afinal estamos levando menos peso e sobrecarregando menos nossas estruturas.

Veja que é um sistema a nosso favor, a redução de peso melhora a corrida, que faz com que possamos treinar mais e com mais qualidade e em consequência disso finalizamos uma boa prova de maneira íntegra e com condições de engatar outra logo alí na frente. E por isso reforço a importância de contratar um profissional de nutrição para te auxiliar no processo de emagrecimento sustentável e saudável para ficar magro e forte e não magro e fraco a ponto de não conseguir correr. O nutricionista também vai montar seus pratos de acordo com seus gostos, e a ponto de tornar seu processo de recuperação pós treinos mais satisfatórios e reduzindo a chance de lesão depois daqueles treinos extenuantes e desafiadores que irão ocorrer em sua preparação. E o mais importante, se você faz parte da turma que passou dos 30 anos, é primordial ter em mente que uma boa nutrição vai te auxiliar no processo de recomposição da massa óssea e da massa muscular, contribuindo para um envelhecimento mais saudável e com autonomia plena de suas atividades hoje e no futuro próximo em sua aposentadoria.

E o psicólogo? Este vai te ajudar a não sabotar os treinos e definir bem com você suas metas e expectativas na corrida de rua, além de te ajudar a manter o foco na dieta para reduzir o peso e manter o volume de treinos adequados.
Só para você ter uma ideia um maratonista recreativo que pretende correr bem uma maratona tem que correr entre 80 a 120km semanais, veja mais neste recente artigo de 2024: “Training Intensity Distribution of Marathon Runners Across Performance Levels. Sports Med. 2024” https://doi.org/10.1007/s40279-024-02137-7
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Os profissionais como o Eliud Kipchoge (que todo mundo gostar de ter o tênis igual o dele, mas não o treino igual o dele), mas ele chega a fazer 220km semanais…correndo como a maioria faz, sem a preparação ideal, com um volume que não chega em a 50km semanais, aumenta-se o risco de lesões e a possibilidade de abandonar as provas de longa distância por acreditar que isso não é para você. Eu acredito que muitas pessoas podem chegar até a meia maratona ou a maratona, mas isso é uma construção de carreira na corrida de rua recreativa e é preciso estar ciente que sem volume e sem estar com peso baixo, a experiência não será das melhores do mundo. Ah, e antes que eu esqueça, não resolve fazer um treino longo (longão) de 30km ou mais umas semanas antes que vai resolver, é preciso ter o volume adequado e estar bem solidificado em todos os sentidos, tanto fisicamente, quanto mental e por fim nutricionalmente falando. A fórmula é ter treinos de qualidade, acima de tudo, ter um volume de treinos de qualidade.
Números são ótimos para contadores, matemáticos e se você quer saber mais sobre esta relação na história do Sapiens, a humanidade começou a usar números mais efetivamente, foi recentemente por volta de ~3.000 a.C. Logo, para nós das ciências humanas e biológicas, devemos utilizar ainda mais a nossa percepção subjetiva de esforço, resgatar nossa essência mais primitiva, e neste sentido a PSE continua mais atual do que nunca, basta usar nos treinos e ver.
Aumente o volume gradualmente, solidifique tudo isso e tenha resultados!
Bons treinos!
Por: Darlan Souza

O "X" da questão
A evolução das concepções de treino, saúde e vida: Do Cartesiano ao Pensamento Sistêmico

Publicados
1 mês atrásem
05/01/2025De
Darlan Souza
“A ciência é mais do que um corpo de conhecimentos; é uma maneira de pensar.” Carl Sagan
A evolução das concepções de treino, saúde e de vida ao longo da história tem sido profundamente influenciada por mudanças de paradigma na ciência. Desde o entendimento cartesiano, introduzido pelo filósofo e matemático René Descartes no século XVII, até o pensamento sistêmico atual, essas transformações refletem como a humanidade enxerga o mundo e a si mesma.
O que é entendimento cartesiano?
René Descartes, com seu famoso princípio “Cogito, ergo sum” (“Penso, logo existo”), estabeleceu uma visão dualista do mundo, separando mente e corpo. O entendimento cartesiano promoveu uma abordagem analítica e mecanicista da ciência, onde o corpo humano era visto como uma máquina composta por partes independentes. No contexto do treino e da saúde, essa visão fragmentada levou à especialização extrema, tratando sintomas e condições específicas em vez de considerar o organismo como um todo integrado.
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E o pensamento sistêmico?
Contrapondo-se à visão cartesiana, o pensamento sistêmico surge como uma abordagem holística que reconhece a interconexão e a interdependência de todos os componentes de um sistema. No contexto da saúde e do treino, isso significa considerar o corpo humano como um todo, em que o bem-estar físico, mental e emocional estão intrinsecamente ligados. Essa perspectiva amplia mais a visão e enfatiza a prevenção e a promoção da saúde de maneira integrada, abordando inúmeros fatores como nutrição, sono, estresse e exercício físico de forma conjunta. Esse é o X da Questão!
A mudança do paradigma da ciência normal para a pós-normal
Foi Thomas Kuhn, em seu livro “A Estrutura das Revoluções Científicas”, introduziu o conceito de mudança de paradigma, onde a ciência normal é caracterizada por períodos de estabilidade e consenso, interrompidos por crises que levam a revoluções científicas e ao estabelecimento de novos paradigmas. O pensamento sistêmico pode ser visto como uma dessas revoluções, substituindo a visão fragmentada cartesiana por uma abordagem mais integrada e complexa, justamente para poder analisar com muito mais profundidade e atender as demandas humanas.
A ciência pós-normal, por sua vez, reflete a realidade contemporânea, onde as questões científicas são caracterizadas e entendidas por incertezas, valores e urgências. Na saúde e no treino, isso implica em uma abordagem que reconhece a enorme diversidade dos indivíduos e as complexidades de seus contextos diários, promovendo práticas personalizadas e totalmente adaptativas.

Toda a importância das evoluções científicas e do contexto
Essas evoluções científicas são fundamentais para a compreensão do desenvolvimento humano e das práticas de saúde e treino. A transição do entendimento cartesiano para o pensamento sistêmico representa uma mudança significativa na maneira como abordamos a saúde, reconhecendo a importância de tratar o ser humano em sua totalidade e considerando os múltiplos fatores que influenciam seu bem-estar, seus anseios, medos, desejos e perspectivas (já falamos muito sobre isso em outras edições lembram?).
Isso é natural, cito alguns exemplos históricos de mudanças de paradigma: Ao longo da história, várias mudanças de paradigma transformaram a ciência e a sociedade. A revolução copernicana, que deslocou o entendimento geocêntrico do universo, e a teoria da evolução de Darwin, que revolucionou a biologia, são exemplos marcantes. No campo da saúde, a descoberta dos germes por Pasteur e a introdução dos antibióticos representaram revoluções que mudaram radicalmente a prática médica.
O movimento do entendimento cartesiano para o pensamento sistêmico nas novas concepções de treino, saúde e até de vida, ilustra como a ciência evolui e se adapta às necessidades e desafios contemporâneos. Ao reconhecer o valor das abordagens integradas e personalizadas, estamos mais bem equipados (temos mais ferramentas) para promover o bem-estar e a saúde e a performance de maneira holística e sustentável.

Reforço e enfatizo mais uma vez: Treinar pessoas não é treinar máquinas! Treinar pessoas e ou mesmo estimular pessoas a um estilo de vida ativo (presencial ou nas redes sociais), exige uma certa profundidade e um elevado nível de entendimento que passa por estudos, por observações e leituras, além da experiência. A pergunta que sempre faço as pessoas é: “O que você tem debruçado de tempo em leituras e conteúdos assertivos que possam aprofundar o seu conhecimento em cima dos seus desejos e objetivos? O que tem consumido de conteúdo relevante para aperfeiçoar suas técnicas, suas softs skills (habilidades finas) para poder transitar muito bem em seus caminhos e no entendimento humano?
Afinal somos seres biológicos, sujeitos a todo e qualquer tipo de modificação e alteração, devido ao ambiente vivenciado e devido aos fatores genéticos pré-estabelecidos na formação. Cada ser é único neste ponto de vista, esta evolução do modo de ver e se comunicar com pessoas que vivenciam o treinamento físico é fundamental.
Além do mais…Essa evolução contínua reflete o dinamismo da ciência e a capacidade humana de inovar e se adaptar, moldando um futuro onde a saúde e o bem-estar são vistos como um conjunto integrado e interdependente de fatores.
O que você achou desta profunda reflexão? Bons treinos!
Por: Darlan Souza


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