O "X" da questão
Não se esconda na corrida! Já ouviu falar do ESCAPISMO?

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2 semanas atrásem
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Darlan Souza
Muitas vezes, é visto como uma forma de se desligar temporariamente da ansiedade do estresse, dos desafios ou dos aspectos mundanos da vida humana. O termo que se refere-se à tendência ou hábito de buscar alívio do mundo real ou da rotina diária, envolvendo-se em atividades imaginativas ou entretenimento que fornecem uma realidade alternativa ou uma fuga das circunstâncias atuais.
Digamos que em certa dose é normal, inclusive em nosso podcast, recentemente recebemos a psicóloga Edwiges Parra que comentou sobre a importância do equilíbrio das atividades em nossa rotina e reforçou a importância de não “colocar os ovos na mesma cesta”. Ou seja, não direcionar todas as frustrações no escapismo e focar somente na corrida, pois se tivermos somente um “caminho” para desopilar, se este caminho se fechar, como foi o caso da pandemia, como faremos? E mais, se tivermos somente este caminho, tendemos a perder a linha e ficar “viciados” (addiction) o que também pode ter consequências negativas.
Indo além neste assunto, o termo “addiction”, que em português significa “dependência” ou “vício” que é uma condição em que o sujeito se torna fisicamente ou psicologicamente dependente de uma substância ou de um comportamento específico (neste caso nos referimos a corrida). É caracterizada por uma compulsão persistente em seguir realizando a atividade em desequilíbrio, apesar das consequências negativas associadas tendo assim, certos distúrbios de comportamento, levando o indivíduo a problemas de saúde física, psicológica, social ou ocupacional.
Note, que é comum encontrarmos na corrida de rua, alguns ex-viciados em algumas coisas em excesso no passado (álcool, drogas, trabalho, sexo ou jogos), que atualmente utilizam a corrida como forma de escapismo e acabam exagerando na dose de corrida, correndo sem parar, sem descansar adequadamente, o que pode gerar um quadro lesivo, algo bem comum encontrado em clínicas de fisioterapia por aí. Mais uma vez, reforçamos a ideia que não podemos apenas trocar uma coisa por outra e seguir realizando de forma desenfreada sem controle, e sim, buscar o equilíbrio nas atividades e em nossa vida rotineira.

Inclusive já citei sobre isso em outras colunas, que ninguém aguenta mais o viciado em corrida de rua, viciado em ritmo rápido (pace), que só fala sobre isso o tempo todo em todos os lugares (presencial e online), publica em suas redes sociais somente seus treinos, tempos e com a mesma pose, nem ao menos mostra um ponto turístico de onde passa ou um bom restaurante e cafeteria.
Quer uma dica: publique seus treinos, porém vá além e traga informações e conteúdos para ajudar mais pessoas a se tornarem ativas e aproveitarem os benefícios e o poder da atividade sistemática e regular, mostre em suas publicações onde ficam os banheiros, onde estacionar com segurança e horários de abertura dos parques e praças que treinas, veja como podemos ajudar as pessoas de maneira simples e didática usando nossa rede social.
Desenvolva seu AUTO-CONSCIENTE
Neste sentido, o escapismo também pode ser benéfico se melhor administrado, por exemplo sendo direcionado em muitas formas (ovos em mais de uma cesta), como ler livros, assistir a filmes ou programas de TV, jogar videogame, passear com amigos e familiares, cozinhar bons pratos, sair para tomar um café em um lugar bacana, mergulhar em novos ambientes, novos hobbies, outras atividades criativas diversas fora do mundo da corrida. Ainda se sente inseguro com tudo isso? Basta uma dose de humildade (sem tabus). para buscar uma consulta com um terapeuta (psicóloga e ou um psiquiatra) para alinhar as ideias e juntos encontrar o perfeito equilíbrio na vida, afinal não é a corrida que vai solucionar seus conflitos, ela pode ajudar, mas não vai resolver tudo sozinha.
Correr para fugir? Deu o que falar: Running to get “lost”? Two types of escapism in recreational running and their relations to exercise dependence and subjective well-being
Este recente artigo acima, se resume a discutir os diferentes tipos de escapismo no contexto da corrida recreativa e como eles se relacionam com a dependência de exercícios e o bem-estar subjetivo. O estudo examina duas formas de escapismo na corrida: “correr para se perder” e “correr para se encontrar”. A primeira refere-se a correr como uma forma de fugir dos problemas e desafios da vida diária, enquanto a segunda envolve correr como uma maneira de encontrar um senso de identidade, significado e satisfação pessoal.
Neste excelente trabalho, os pesquisadores exploram a relação entre esses tipos de escapismo e dois aspectos importantes: a dependência de exercícios e o bem-estar subjetivo dos corredores de rua. A dependência de exercícios é analisada em termos de comportamentos excessivos de treinamento, obsessão com exercícios e falta de controle sobre a prática da corrida, algo bem comum que vemos todos os dias em especial em redes sociais. Por outro lado, o bem-estar subjetivo se refere à avaliação subjetiva da satisfação com a vida e o nível de afeto positivo e negativo experimentado pelos corredores.
Os resultados sugerem que correr para se perder está associado a uma maior dependência de exercícios e menor bem-estar subjetivo, enquanto correr para se encontrar está relacionado a uma menor dependência de exercícios e maior bem-estar subjetivo (o que é positivo). Isso indica que a motivação por trás da corrida e o tipo de escapismo exercido podem ter efeitos diferentes nos aspectos psicológicos dos corredores.
Em resumo geral, este artigo explora as diferentes formas de escapismo na corrida (corredores amadores), suas relações com a dependência de exercícios e o bem-estar subjetivo dos corredores. Os resultados destacam a importância de entender a motivação por trás da prática da corrida e como ela pode influenciar o engajamento saudável nessa atividade física.
Se exercitar é bom demais, e tem que ser na medida certa para trazer o resultado esperado, é como tomar sol: de menos não resolve e demais queima. Infelizmente o ser humano tem muita dificuldade com equilíbrio (ainda mais agora com o advento de rede social e a alta competitividade por atenção), mas ainda assim, o equilíbrio é a melhor forma de obtermos saúde, longevidade e desenvolver nossa melhor versão na corrida, não é mesmo?
Estão estressados? Fujam para as montanhas, pois esse é o X da Questão!
Artigo na íntegra: Running to get “lost”? Two types of escapism in recreational running and their relations to exercise dependence and subjective well-being
Por: Darlan Souza

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Comecei a caminhar ou correr agora, mas…por que dói tanto minha canela?

Publicados
2 semanas atrásem
21/05/2023De
Darlan Souza
Essa dor, infelizmente é comum em sujeitos iniciantes em esportes como a caminhada, corrida, tênis e futebol. Ela tem fácil diagnóstico pelos médicos ortopedistas e fisioterapeutas e tem nome: Síndrome do Estresse Tibial Medial ou Periostite Medial da Tíbia, mas muito reconhecido pelos corredores como “canelite”.
Os sintomas da canelite geralmente incluem dor e sensibilidade na região medial da tíbia, que pode se intensificar durante a prática de exercícios físicos. A dor costuma ser descrita como uma sensação de queimação ou latejamento. Pode haver também inchaço localizado. A dor é resultante da carga de esforço excessivo nos ossos e nos tecidos musculares e tendíneos que cercam os membros inferiores, no caso a perna. É uma lesão até certo ponto muito comum, e ocasionada por excesso de carga e aparece quando as estruturas não descansadas e nem preparadas (com a flexibilidade necessária) para suportar um elevado esforço contínuo.
A natureza do movimento de corrida, através de inúmeros saltos em piso rígido, com um trabalho basicamente excêntrico, vai trazendo um grande impacto nas pernas, em especial quando se está com sobrepeso ou é iniciante na atividade. Esse impacto, essa batida constante dos pés no solo pode causar (pequenas) microfissuras na tíbia e ou na fíbula (os dois grandes ossos da perna), daí a importância de respeitar a progressão de treinos, sem extrapolar, por mais que o corpo apresente em um determinado tempo, algumas melhoras cardiovasculares muito acima do esperado.
Corridas e caminhadas em terrenos com muito declive (descidas), tende a piorar ainda mais o quadro e em casos extremos, uma fratura óssea por estresse pode ocorrer. Fique atento a sua nutrição, uma dieta pobre em nutrientes pode agravar o caso, mantenha uma dieta equilibrada e rica em alimentos in natura. Mulheres e idosos estão na zona de risco e com maior propensão a terem alguma fragilidade óssea, então capriche na dieta e mantenha seu consumo de cálcio adequado. Assim queijos de boa qualidade são bem vindos e podem compor uma dieta saborosa e rica em cálcio, consulte com um nutricionista para maiores informações.
Como prevenir ou remediar?
Reduzir a prática das atividades em superfícies inclinadas ou terrenos irregulares e usar calçados adequados para corridas, de preferência ao alternar dias de treinos e revezar os tênis (não usar sempre o mesmo). Em muitos casos, basta uma pequena pausa, com a elevação das pernas sempre que possível, que a dor tende a reduzir e assim tão logo estiver bem, retomar gradativamente a atividade normalmente.
Então, o tratamento da canelite geralmente é simples, envolve repouso e redução por um breve período da atividade de impacto, aplicação de gelo na região afetada, posteriormente a isso, vale dedicar um tempo maior nos alongamentos e no fortalecimento muscular específico das pernas.
Mas vale ficar atento! Se a dor não passar, vale a pena consultar um ortopedista e realizar alguns exames de imagem para ter um diagnóstico mais preciso do quadro da lesão. Alguns casos, pode ter havido uma lesão no periósteo uma camada de tecido conectivo que reveste a superfície externa dos ossos, e o tratamento geralmente é a base de medicamentos anti-inflamatórios não esteroides para alívio da dor e inflamação e algumas sessões de fisioterapia.
Evite a auto-medicação e treine com cargas progressivas, sempre respeitando os limites do seu corpo, esse é o X da Questão.
Por: Darlan Souza

O "X" da questão
E aquela dor do lado (dor no flanco)? Já sentiu?

Publicados
3 semanas atrásem
16/05/2023De
Darlan Souza
E aquela dor do lado (dor no flanco)? Já sentiu?A dor no lado ao correr é uma queixa comum entre os corredores, principalmente iniciantes e pode ter várias causas. Ela pode ser oriunda de cãibras musculares ou fadiga muscular de uma região específica do abdômen (o diafragma). Esse incômodo foi muito investigado por pesquisadores e nos últimos anos, chegou-se à conclusão que ele pode ser provocado por mais de um fator, e uma das possíveis razões para a dor (na lateral da barriga) seria a fadiga precoce do diafragma, principal músculo respiratório.
Naturalmente durante a corrida, os músculos do abdômen e do diafragma podem ficar fadigados e se contrair involuntariamente, resultando nesta dor. Outros fatores podem estar associados a distensão muscular, e isso pode causar dor no lado ao correr, pois quando os músculos do abdômen são estendidos muito além de sua capacidade habitual, acabam causando um certo desconforto, por isso a importância de realizar o aquecimento de forma a preparar para atividade, ou seja, fazer a preparação adequadamente antes de correr e aumentar gradualmente a intensidade do treinamento para evitar estes desconfortos.
A dor no lado também pode ser causada por problemas digestivos, como a desidratação (estar mal hidratado), gases ou indigestão. Esses problemas podem se agravar durante a corrida devido ao movimento e ao aumento da circulação sanguínea no sistema digestivo. Há uma corrente que acredita que ela também pode estar relacionada ao baço, que está situa-se na região superior esquerda do abdômen, à esquerda do estômago e acima do rim esquerdo, o órgão necessita de uma grande quantidade de sangue, que no momento do exercício é direcionado para os músculos e outras regiões.

Assim, certifique-se de ter uma hidratação e alimentação adequada antes de correr e evite comer quantidades exageradas de comida pouco tempo antes do exercício, faça uma refeição leve momentos antes (de preferência mais líquida e menos sólida), para evitar esta concorrência do sistema digestivo com a sua atividade física, no caso a corrida. Um profissional de nutrição pode te ajudar com as melhores escolhas neste sentido e de acordo com suas preferências.
Outro ponto importante é a postura, uma postura inadequada ao correr pode colocar pressão extra nos músculos do abdômen e causar dor no lado, novamente mais comum em iniciantes. Assim, também existe a hipótese de que problemas posturais durante o exercício físico, gerados principalmente pela falta de força na região do core (abdômem, lombar e quadril), provoquem o desconforto, inclusive alguns defendem a ideia de que o desalinhamento de vértebras possa ser mais um fator preponderante neste esquema. Note aqui então a importância do reforço muscular geral e do trabalho do treinador, do quiropraxista e do fisioterapeuta neste “realinhamento das estruturas”.
Certifique-se de manter uma postura mais ereta durante a corrida, com os ombros relaxados e os músculos abdominais mais ativos. Algumas pessoas podem experimentar dor no lado devido a problemas respiratórios, como respiração ainda não sincronizada, algo que tecnicamente se adquire com o tempo e naturalmente. Para ex-sedentários, ou iniciantes em corrida, o ideal é realizar a progressão de corrida justamente para reduzir este impacto da intensidade desproporcional imposta, para que a corrida fique mais confortável em volume e intensidade.
Mas vamos lá, normalmente, quando estiver correndo e sentir este desconforto, basta reduzir a velocidade ou caminhar uns metros, que o incômodo pode passar, na sequência pode seguir com seu treino normalmente com o volume e a intensidade adequada para poder completar seu percurso sem maiores intercorrências, este é o X da Questão!
E aí, já sentiu esta dor do lado? O que fez para passar?
Por: Darlan Souza

O "X" da questão
Já ouviu falar sobre a bradicardia?

Publicados
1 mês atrásem
24/04/2023De
Darlan Souza
Já ouviu falar sobre a bradicardia?
Comecei a treinar e notei que meus batimentos cardíacos caíram em repouso e no sono, o que é isso?
Isso se chama bradicardia, e é muito benéfico para sua saúde como um todo!
A bradicardia de repouso em praticantes de atividade física (inclua: exercícios e esportes), é uma condição em que os indivíduos expostos a um programa de treinamento sistemático tendem a apresentam uma frequência cardíaca de repouso abaixo do normal, geralmente abaixo de 60 batimentos por minuto. Isso ocorre como resultado da adaptação do coração a um treinamento físico adequado e regular.
Quando um indivíduo é ativo e assim realiza a prática de exercícios regulares, com a devida progressão de carga ao longo do tempo, o coração (assim como todo os sistemas), tendem a se adaptarem para se tornarem mais eficientes. O coração por sua vez, vai ampliando sua capacidade de bombear sangue a cada batimento. Essa adaptação, resulta em um coração maior, mais saudável e eficiente, com paredes mais espessas e uma maior quantidade de células musculares especializadas em contrair e relaxar para seu melhor desempenho. Isso resulta em um aumento do débito cardíaco, ou seja, a quantidade de sangue que o coração é capaz de bombear para o corpo a cada minuto.
Além disso, o treinamento físico regular também aumenta o tônus parassimpático, um ramo do sistema nervoso que desacelera a frequência cardíaca. Isso pode levar a uma redução na frequência cardíaca de repouso em atletas (amadores e profissionais), uma vez que o coração é capaz de realizar a mesma quantidade de trabalho com menos batimentos, com menos esforço que um coração de um sujeito sedentário. Alguns estudos recentes já demonstraram que 65% dos atletas de resistência aeróbica (corrida e ciclismo), apresentam freqüência cardíaca menor que 50 bpm em repouso. Isso é excelente, mostra que o coração está conseguindo realizar sua tarefa sem “dispender um grande esforço” para tarefas normais, estas super eficiente com a demanda de trabalho.

Indivíduos sedentários tendem a ter a frequência cardíaca de repouso mais elevada, devido a esta falta de condicionamento físico. Exemplificando melhor, é como se seu sistema cardiovascular não tivesse descanso, está o dia todo sendo sobrecarregado, o que com o passar dos anos (efeito crônico), não é nada benéfico para a saúde do indivíduo. Esse é o X da Questão!
Em geral, a bradicardia de repouso em atletas é considerada uma condição normal e saudável, no entanto, em alguns casos raros, a bradicardia pode ser sintoma de algum problema cardíaco subjacente e, portanto, é importante que atletas monitorem regularmente sua saúde cardíaca e consultem um médico cardiologista se tiverem alguma preocupação, o ideal mesmo é fazer anualmente o teste ergométrico e alguns exames mais aprofundados como o doppler de carótidas.
O Doppler do coração e carótidas, nada mais é que um exame de imagem não invasivo utilizado para avaliar o fluxo sanguíneo no coração e nas artérias próximas como as carótidas, que são as principais artérias que transportam o sangue para o cérebro. Esse exame utiliza ondas sonoras de alta frequência para criar imagens em tempo real do fluxo sanguíneo, permitindo que médicos avaliem a presença de anormalidades, como obstruções ou estreitamentos nas artérias. O exame é geralmente rápido e indolor e não requer preparação especial do paciente.
Treine certo e com responsabilidade, realize seus exames periódicos, este é o X da Questão.
Por: Darlan Souza


Mulher & Corrida & Carreira

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