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Eu não corro para ser magra, eu corro para ser feliz

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Frequentemente recebo mensagens no Instagram com comentários ao meu aspeto físico. Maioritariamente são comentários positivos, elogios sinceros de pessoas que me veem como uma fonte de inspiração para se exercitarem, porque sentem o meu entusiasmo a fazer desporto. Mas também recebo alguns comentários negativos, pouco construtivos e inúteis. E sobre este tema – comentários ao aspeto físico — há duas coisas sobre as quais gostava de falar.

Em primeiro lugar, quando partilho fotografias a fazer exercício — naturalmente com roupa desportiva, calções, tops — não estou à procura de comentários ao meu aspeto físico. Nem positivos nem negativos. Estou simplesmente a partilhar um momento agradável do meu dia, em que estou feliz, em que estou orgulhosa do meu esforço e da minha dedicação ao treino. E os comentários ao meu corpo (bons ou maus) desvirtuam a mensagem que quero passar. Honestamente, acho que as referências ao corpo de outra pessoa (sobretudo quando não a conhecemos) são desnecessárias. Nunca sabemos o impacto que um “estás magro demais” ou “estás gordo demais” poderá ter no outro.

Em segundo lugar, queria dizer-vos que eu não corro para ser magra, eu corro para ser feliz e para me sentir bem. O exercício físico faz parte da minha rotina, tal como lavar os dentes, tomar banho ou pôr a roupa a lavar, há praticamente 20 anos. Comentários como “estás demasiado musculada” e “para a quantidade de exercício que fazes deverias estar mais magra” são só inúteis.

Eu e a maioria das pessoas que conheço, e que faz exercício regularmente, não o faz para ter determinado tipo de corpo. Pratica desporto porque encontra nesta rotina uma terapia, um equilíbrio, uma liberdade, e a consequência é a melhor possível: melhorias na saúde física e também mental.

O corpo mais trabalhado é só uma consequência do exercício físico. Não posso ser hipócrita e dizer que não gosto de ter um corpo delineado e tonificado. Gosto. Sinto-me mais bonita e mais confiante. Aumenta-me  a autoestima e eleva-me o amor próprio. Mas o que me motiva a fazer exercício não é o resultado físico em termos de beleza. É exponencialmente mais. É um motivo maior. É literalmente saúde física e saúde mental. Por isso, escusam de criticar o meu corpo com observações negativas. Ele é uma máquina incrível. Permite-me correr maratonas. Levantar pesos. Ser ágil, veloz e forte. E é isso que é importante. Correr diminui a minha ansiedade, dá-me energia, vitalidade, confiança, felicidade, poder! Não acham que tudo isto somado é muito maior do que estar mais ou menos magra?

Acredito, inclusive, que quem faz exercício físico com o único objetivo de perder peso ou ganhar massa muscular acaba por desistir nalgum momento do processo. E isso acontece porque está a colocar demasiada pressão no exercício físico. Ter um corpo perfeito, seja lá o que isso signifique nos dias de hoje, exige muito mais do que fazer exercício, requer foco na alimentação, descanso reparador, tratamentos estéticos, hidratação.

A perfeição das redes sociais não existe na vida real e quem a persegue paga muito caro em termos psicológicos. Criticar os corpos dos outros nas redes sociais, publicamente ou por mensagem privada, só aumenta o flagelo da pressão estética, que todos condenamos e criticamos, mas que todos perpetuamos ao continuarmos com estas atitudes.

Por: Sara Veloso

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