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Como viver bem todos os anos da sua vida, e nunca parar de evoluir na corrida

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A corrida é mesmo um esporte maravilhoso! O crescimento no número de praticantes impressiona: um estudo de 2021 mostrou que houve um aumento de 57,8% (de 5 milhões para 7,9 milhões) de pessoas que cruzaram uma linha de chegada entre 2008 e 2018. Esse aumento criou um efeito muito positivo na sociedade e na saúde pública, trazendo para a atividade física pessoas de todas as idades que anteriormente eram sedentárias. Nesse texto vou explorar como podemos fazer para continuar tendo bons resultados na corrida independente da idade, além do que podemos fazer para frear o envelhecimento, vivendo por mais tempo e com mais qualidade.

Nosso corpo é uma máquina que responde à estímulos. Podemos evoluir muito, tanto fisicamente quanto cognitivamente, desde que sejamos treinados para isso. Se você quer ter mais músculos irá para academia gerar estímulos estressores que resultarão em aumento da massa muscular. Se o objetivo for melhorar na corrida, irá treinar seu coração, transporte de oxigênio e geração de energia aeróbia. Para melhorar a capacidade cognitiva, pode-se aprender uma nova língua, um instrumento musical ou estudar um novo tema específico. Se pararmos de estudar, correr e fazer musculação o retrocesso será inevitável. Isso é muito importe, então vou repetir: somos dependentes de estímulos, se não o fizermos, não haverá melhora, e possivelmente haverá piora.

Após uma certa idade nosso corpo começa um processo degenerativo. Cada pessoa, porém, será diferente, a depender da sua genética, mas também do seu estilo de vida. Por mais óbvio que isso seja, sabemos que alguém de 50 anos que estuda, corre e faz musculação, por exemplo, pode estar melhor e mais saudável e do que um sedentário que não exercita o cérebro. A expectativa de vida da população mundial está subindo, estamos vivendo mais graças ao avanço da medicina, porém muitos desses anos a mais estão sendo sem qualidade, deitados em uma cama ou dependentes de aparelhos e remédios. Quem define como serão seus últimos anos de vida é você e suas escolhas. Eu sei que muita gente lendo esse texto não gostou desse parágrafo, mas é um fato: dormir pouco, não beber água, não treinar ou comer algo que não é saudável é uma conta que será cobrada no futuro. Precisamos assumir a responsabilidade que é 100% nossa.

A notícia boa é que podemos retardar o processo de envelhecimento com ações simples do dia a dia. Abaixo cito algumas das coisas mais importantes para manter saúde e qualidade de vida. Sempre gosto e frisar que não podemos subestimar o poder das pequenas ações e mudanças diárias, você não irá mudar todos esses hábitos em uma semana.

Começando pelo sono, o mais gostoso e negligenciado ato de cuidado à saúde. Falta de sono está relacionado com problemas cognitivos, de aprendizagem e com doenças como demência e Alzheimer, sem contar a recuperação física. Dormir bem é necessidade, não um luxo.

Conforme os anos passam, nossa estrutura muscular é uma das primeiras afetadas. E aqui não estou falando de questões estéticas, e sim de ações básicas e qualidade de vida do dia a dia, como dor nas costas e se levantar da cama, por exemplo. Além disso, músculos fortes melhoram o desempenho e evitam lesões na corrida. Se você quer ter uma boa qualidade de vida, não tem negociação, fortalecimento muscular é obrigatório.

Alimentação e hidratação nem preciso dizer: você é o que você come. Lembra que comentei antes sobre nosso corpo adaptar aos estímulos? Para que haja uma boa adaptação, precisamos de matéria prima de qualidade, e isso não será encontrado em comidas altamente calóricas e de baixo valor nutricional.

Por último, mas não menos importante, aprendizado. Aprender é a musculação do nosso cérebro, e isso será vital para manter sua cabeça ativa até o final da vida. Lembre-se que todo movimento começa no cérebro, é por isso que atividade física também é estímulo cognitivo.

“Beleza, Alex. Mas e a corrida?”

Diferente da maioria dos esportes, na corrida é possível continuar melhorando o desempenho, independente da idade. Se você começou a correr agora, é provável que continuará melhorando sua performance por vários anos. Para isso é preciso treinar de maneira consistente, aumentando o volume e intensidade de treinos aos poucos, e fazendo fortalecimento muscular. Estudos apontam que a melhora no desempenho é também dependente de tempo de prática, ou seja, anos de treinamento. Ser consistente é a coisa mais importante para continuar melhorando seus tempos na corrida.

Embora a maioria dos atletas amadores conseguem seus melhores tempos de maratona entre 25 e 35 anos, Eliud Kipchoge, o maratonista mais rápido de todos os tempos, acabou de quebrar o recorde mundial na Maratona de Berlim aos 37 anos, o que nos mostra que podemos continuar tendo bons resultados com o passar dos anos. Um estudo de 2018 pesquisou os resultados de atletas de ultramaratonas de 50km e constatou que os atletas mais rápidos dessa distância estão na casa dos 40 anos. É normal vermos pessoas acima dos 40 e até 50 anos ganhando ultramaratonas, tudo isso devido ao tempo de prática, em distâncias que dependem mais de fatores psicológicos, tempo de treino e emocionais do que de propriamente de velocidade.

Para resumir: você vai viver mais do que as gerações passadas, mas não necessariamente será com qualidade. Para viver bem todos os anos da sua vida você precisa dormir bem, praticar atividade física, beber bastante água, comer bem e não parar de estudar. Se você começou a correr agora, provavelmente vai melhorar seu desempenho por muito tempo, desde que treine de maneira consistente. Quando sentir que seu desempenho em uma prova estabilizou, talvez seja o momento de aumentar a distância.

Para ter uma boa performance você precisa primeiro ter uma boa saúde. Assuma a responsabilidade, cuide-se, e você vai viver com qualidade e melhorando seus resultados na corrida por muito tempo.

Por: Alex Tomé

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