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Fisioterapia esportiva

Cadeia Posterior Encurtada: O Inimigo Invisível da Performance

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Você já fez um tiro forte durante o treino e sentiu que algo estava “travando” seus passos? Muitos corredores acreditam que falta força, fôlego ou um tênis mais tecnológico. Mas existe um fator silencioso e pouco discutido que pode sabotar sua economia de corrida: o encurtamento da musculatura posterior dos membros inferiores.

Como a cadeia posterior influencia sua corrida

Isquiotibiais, panturrilhas, glúteos e a fáscia plantar formam um sistema contínuo que estabiliza e propulsiona o corredor. Quando essa cadeia perde elasticidade, o corpo passa a limitar a extensão do quadril, o que reduz a amplitude de movimento. Sem extensão adequada, surgem compensações: passos mais longos, aumento do impacto e uma cadência mais baixa.

Quando falta mobilidade, sobra gasto de energia

Se o quadril não se estende o suficiente, o corredor passa a buscar velocidade aumentando o comprimento do passo (overstriding). Isso faz o pé aterrissar à frente do centro de massa, gerando maior impacto no joelho e na lombar. Em vez de avançar com eficiência, o corpo passa a frear a cada passada. O resultado é simples: você gasta mais energia para manter o mesmo ritmo.

Impacto nas lesões e no desempenho

A cadeia posterior encurtada está associada ao aumento de lesões comuns no corredor, como tendinopatia da pata de ganso, fascite plantar, tendinite de Aquiles e dor lombar. Sem flexibilidade, a musculatura perde sua capacidade de absorver impacto e transmitir força. A corrida deixa de ser fluida e passa a ser desgastante.

O que realmente funciona (e não é só alongar)

A solução vai além de alongar. O mais eficaz é combinar mobilidade, alongamento dinâmico e fortalecimento excêntrico. Exercícios como balanço de pernas, mobilidade de quadril e trabalho excêntrico para isquiotibiais e panturrilhas trazem ganhos diretos na técnica e na performance.

Conclusão

Cuidar da mobilidade da cadeia posterior é cuidar da eficiência da corrida. Quando você ganha amplitude e equilíbrio entre força e flexibilidade, o corpo passa a transformar energia em velocidade — não em impacto. Na próxima vez que sentir seu ritmo travar, lembre-se: a velocidade nasce no quadril.

Por: Eduardo de Castro

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Bico de Papagaio e Corrida: o movimento é o tratamento

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“Doutor, descobri bico de papagaio na coluna. Posso continuar correndo?”

Essa é, provavelmente, uma das perguntas que mais escuto no consultório. A maioria das pessoas imagina que o achado de um exame define o que elas podem ou não fazer. Mas a verdade é que a corrida, quando feita com orientação e fortalecimento adequado, não só pode continuar como pode fazer parte do tratamento.

O que é “bico de papagaio”?

“Bico de papagaio” é o nome popular para osteófitos, pequenas projeções ósseas que surgem nas bordas das vértebras. Eles aparecem quando a coluna perde estabilidade — geralmente por desgaste dos discos, sedentarismo ou postura inadequada ao longo dos anos.

Importante: o osteófito não é um “erro”, é uma adaptação. O corpo tenta aumentar a área de contato para estabilizar a região.

Mas o bico de papagaio causa dor?

Nem sempre. Há pessoas com osteófitos que não têm dor nenhuma, inclusive corredores. A dor costuma estar mais relacionada a fraqueza muscular (especialmente de core e glúteos), rigidez dos tecidos, inflamação por sobrecarga repetitiva e medo de se movimentar.

A dor não vem da radiografia. A dor vem da falta de movimento e da falta de força.

Correr ajuda ou piora?

Ajuda — desde que exista preparo de força. A corrida estimula a musculatura estabilizadora da coluna, melhora o padrão de movimento e libera endorfinas, reduzindo a percepção da dor. Além disso, aumenta o fluxo sanguíneo, favorecendo a recuperação dos tecidos.

O problema não é correr. O problema é correr sem fortalecimento.

O fortalecimento é o tratamento

Para corredores com dor lombar ou com osteófitos, a estratégia mais efetiva é: fortalecer (musculação, pilates, estabilidade de core e glúteo médio), ajustar técnica e cadência de corrida e progredir volume com inteligência.

Exercícios recomendados: ponte de quadril unilateral, prancha e variações, agachamento e avanços, mobilidade de quadril e torácica.

Sedentarismo, repouso e medo de movimentar só pioram o quadro. Dor crônica não se trata com imobilidade.

Corrida é reabilitação em movimento

Você não precisa ‘curar o bico de papagaio’ para voltar a correr. Mas precisa fortalecer.

Corredores com osteófitos costumam evoluir muito quando mudam o foco de ‘evitar dor’ para ‘ganhar força’. Quando o corpo fica mais estável, a coluna deixa de ser um problema e volta a ser uma aliada no movimento.

Conclusão

A corrida não é inimiga da coluna.
A falta de preparo é.

Mova-se. Fortaleça. Respeite a progressão.
O corpo não quer repouso — ele quer adaptação.

Por: Eduardo de Castro Silva Júnior

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Treinar sem se machucar: o segredo está na carga!

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Você já se perguntou por que alguns corredores vivem lesionados enquanto outros seguem firmes, acumulando quilômetros com saúde e constância? A resposta pode estar em um fator muitas vezes negligenciado: a carga de treino. Saber dosá-la corretamente é tão importante quanto escolher o tênis ideal ou seguir uma planilha bem estruturada.

O que é carga de treino?

Carga de treino é o conjunto de estímulos que o corpo recebe durante a prática da corrida. Ela envolve quatro componentes principais:

• Volume: quantos quilômetros você corre por semana.

• Intensidade: a velocidade e o esforço de cada sessão.

• Frequência: quantas vezes você treina.

• Tipo de treino: intervalado, contínuo, longão, regenerativo, entre outros.

Esses elementos precisam estar em equilíbrio. Quando um deles é aumentado sem o devido cuidado, o risco de lesão cresce exponencialmente.

O erro mais comum: subir demais e rápido demais

A empolgação é compreensível. Você começa a correr, sente evolução, quer mais. Mas o corpo precisa de tempo para se adaptar. Aumentar o volume ou a intensidade de forma abrupta é como acelerar um carro sem verificar o motor: pode funcionar por um tempo, mas uma hora quebra.

Estudos mostram que a maioria das lesões em corredores está relacionada ao excesso de carga ou à falta de recuperação adequada. Fasceíte plantar, tendinites, fraturas por estresse e dores no joelho são apenas alguns exemplos de problemas que surgem quando o corpo não consegue acompanhar o ritmo imposto.

Como ajustar a carga de forma inteligente?

Aqui vão algumas estratégias práticas para manter a carga sob controle:

• O volume semanal precisa estar adequado em relação à semana anterior. Ajuste com seu treinador um aumento gradativo da carga de acordo com a sua capacidade física.

• Treinos regenerativos: eles são fundamentais para a recuperação muscular e devem fazer parte da rotina.

• Diário de treino: anotar sensações, distâncias e ritmos ajuda a identificar padrões e prevenir exageros.

• Fortalecimento muscular: treinar força é essencial para suportar melhor os impactos da corrida.

• Sono e alimentação: são parte do treino. Sem eles, o corpo não se recupera como deveria.

Escute seu corpo: ele fala antes de gritar

Dor persistente, fadiga excessiva, irritabilidade e queda de desempenho são sinais claros de que algo está errado. Ignorar esses alertas pode transformar um incômodo passageiro em uma lesão séria. Aprender a reconhecer os limites do corpo é uma habilidade valiosa para qualquer corredor.

Conclusão: correr é arte, ciência e escuta.

A corrida é mais do que movimento. É uma conversa constante entre mente e corpo. Ajustar a carga de treino com inteligência é respeitar essa conversa.

É entender que evoluir não significa fazer mais, mas fazer melhor. E que prevenir lesões é garantir que você continue correndo hoje, amanhã e por muitos anos.

Por: Dra. Adeline Leal

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Fascite plantar tem cura, a biomecânica e a ciência explicam como

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A dor que insiste em ficar

Se você é corredor e já sentiu uma pontada incômoda no calcanhar logo no primeiro passo pela manhã, então você sabe o quanto a fascite plantar pode ser limitante. Ela é uma das lesões mais comuns entre os corredores e, acredite, uma das mais mal compreendidas!  A boa notícia? Fascite plantar tem cura!
O problema é que, na busca por alívio imediato, muitos caem nas soluções fáceis que encontram na internet: aplicação de gelo e massagem com bolinha. Condutas que podem até aliviar a dor momentânea, mas não resolvem o verdadeiro problema.

Por que puxar toalha com pé não fortalece o pé

A fáscia plantar é uma estrutura do pé feita para suportar até 1,5 vezes o seu peso corporal (Gefen,2003). Logo, ela precisa estar bem forte e condicionada para aguentar essa carga.

Então vamos pensar: será que exercícios feitos sentado, sem peso, conseguem fortalecer uma estrutura que trabalha tão intensamente em pé e em movimento?

Claro que não! Para reabilitar a fáscia plantar é preciso ir além do gelo e da bolinha: é preciso reconstruir o equilíbrio da mecânica do pé e da corrida.

A verdadeira causa da dor

A fascite plantar raramente acontece por um único motivo.

Ela pode ser consequência de um pé hipermóvel ou rígido, de alterações no tornozelo, joelho ou quadril, ou até de um padrão de corrida com sobrecarga repetitiva (Thomas, et al 2010).

A minoria dos casos de fascite plantar têm como fator causal disfunções exclusivamente dos pés. Na grande maioria das vezes a dor é resultado de um desequilíbrio biomecânico.

Quando tratamos apenas a dor e não as causas, como fraqueza dos músculos intrínsecos do pé, encurtamento da panturrilha ou déficit de controle do quadril , a melhora é temporária e a dor pode voltar. (Morrissey et al, 2021)

Por que o anti-inflamatório e aplicação de gelo não tratam a lesão

Por bastante tempo, acreditou-se que a fascite plantar fosse um processo puramente inflamatório. Entretanto, estudos recentes mostram que, após a fase aguda inicial, o quadro evolui para um processo degenerativo, em que há espessamento e degeneração das fibras da fáscia, e não um processo inflamatório ativo (Martin et al 2014).

Por esse motivo, o uso isolado de anti-inflamatórios não resolve o problema. Pode até reduzir a dor momentaneamente, mas não atua na causa estrutural da lesão (Morrissey et al, 2021)

A recuperação verdadeira de um corredor com fascite plantar depende de restabelecer a função da fáscia, fortalecer as estruturas adjacentes que a sustentam e ajustar a mecânica do movimento, garantindo uma boa capacidade de absorção de impacto na corrida.

Como a fisioterapia baseada em evidências atua

Estudos indicam que o tratamento eficaz da fascite plantar passa pela reeducação funcional. Isso significa exercícios específicos com pés apoiados no chão, o que chamamos na reabilitação de exercícios de cadeia cinética fechada, que simulam o gesto da corrida e fortalecem o pé de forma realista.

Enquanto o gelo atua apenas na superfície e no alívio de desconforto momentâneo, a fisioterapia especializada atua na causa, restaurando o papel da fáscia como estrutura que absorve e libera energia a cada passada.

Dependendo da avaliação biomecânica e funcional individualizada, segundo Morrissey et al, 2021; Martin et al 2014; Thomas et al, 2010 o tratamento pode incluir:

  • Exercícios para aumentar a rigidez e força do pé, especialmente unipodais (em um pé só);
  • Correção da mobilidade do tornozelo e do hálux (dedão), fundamentais na propulsão na corrida
  • Fortalecimento de glúteos e panturrilhas, reduzindo a tração sobre a fáscia;
  • Treinamento do mecanismo de absorção de carga no impacto
  • Técnicas de terapia manual e mobilização, que aliviam a dor a no curto prazo;
  • Terapia por ondas de choque ou laserterapia, que têm evidência positiva quando bem indicadas
  • E em alguns casos palmilhas ortopédicas podem ajudar, quando associadas a exercícios específicos.

Martin et al 2014 e Thomas et al 2010,  mostram que abordagens passivas isoladas, como gelo e repouso, não são resolutivas.

Por outro lado, programas individualizados de exercício ativo e controle de carga de treinos de corrida promovem melhora mais definitiva da dor e da função.

Em outras palavras: o movimento é parte do tratamento, e nem sempre será necessário parar de correr durante o processo de reabilitação.

Conclusão: o simples, bem feito, é o que cura

Tratar a fascite plantar exige ciência, paciência e consistência.

Mais do que buscar o “exercício milagroso”, o caminho está em entender o corpo, ajustar os movimentos e fortalecer o pé de forma inteligente. A fáscia plantar se recupera, e quando isso acontece, o corredor não apenas volta a correr sem dor, mas volta mais forte e mais consciente da sua biomecânica.

Se você sofre com dor na sola do pé, procure um fisioterapeuta especializado em corrida. A avaliação completa do seu padrão biomecânico na corrida e condições atuais de força, mobilidade, amplitude de movimento e capacidade funcional ditarão a melhor forma de conduzir seu tratamento . A reabilitação verdadeira começa quando você entra em movimento com propósito e ciência.

Por: Talita Politano de Galiza Vidal – CREFITO/3 79100-F

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