Fisioterapia esportiva

Bico de Papagaio e Corrida: o movimento é o tratamento

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“Doutor, descobri bico de papagaio na coluna. Posso continuar correndo?”

Essa é, provavelmente, uma das perguntas que mais escuto no consultório. A maioria das pessoas imagina que o achado de um exame define o que elas podem ou não fazer. Mas a verdade é que a corrida, quando feita com orientação e fortalecimento adequado, não só pode continuar como pode fazer parte do tratamento.

O que é “bico de papagaio”?

“Bico de papagaio” é o nome popular para osteófitos, pequenas projeções ósseas que surgem nas bordas das vértebras. Eles aparecem quando a coluna perde estabilidade — geralmente por desgaste dos discos, sedentarismo ou postura inadequada ao longo dos anos.

Importante: o osteófito não é um “erro”, é uma adaptação. O corpo tenta aumentar a área de contato para estabilizar a região.

Mas o bico de papagaio causa dor?

Nem sempre. Há pessoas com osteófitos que não têm dor nenhuma, inclusive corredores. A dor costuma estar mais relacionada a fraqueza muscular (especialmente de core e glúteos), rigidez dos tecidos, inflamação por sobrecarga repetitiva e medo de se movimentar.

A dor não vem da radiografia. A dor vem da falta de movimento e da falta de força.

Correr ajuda ou piora?

Ajuda — desde que exista preparo de força. A corrida estimula a musculatura estabilizadora da coluna, melhora o padrão de movimento e libera endorfinas, reduzindo a percepção da dor. Além disso, aumenta o fluxo sanguíneo, favorecendo a recuperação dos tecidos.

O problema não é correr. O problema é correr sem fortalecimento.

O fortalecimento é o tratamento

Para corredores com dor lombar ou com osteófitos, a estratégia mais efetiva é: fortalecer (musculação, pilates, estabilidade de core e glúteo médio), ajustar técnica e cadência de corrida e progredir volume com inteligência.

Exercícios recomendados: ponte de quadril unilateral, prancha e variações, agachamento e avanços, mobilidade de quadril e torácica.

Sedentarismo, repouso e medo de movimentar só pioram o quadro. Dor crônica não se trata com imobilidade.

Corrida é reabilitação em movimento

Você não precisa ‘curar o bico de papagaio’ para voltar a correr. Mas precisa fortalecer.

Corredores com osteófitos costumam evoluir muito quando mudam o foco de ‘evitar dor’ para ‘ganhar força’. Quando o corpo fica mais estável, a coluna deixa de ser um problema e volta a ser uma aliada no movimento.

Conclusão

A corrida não é inimiga da coluna.
A falta de preparo é.

Mova-se. Fortaleça. Respeite a progressão.
O corpo não quer repouso — ele quer adaptação.

Por: Eduardo de Castro Silva Júnior

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